quinta-feira, 6 de julho de 2023

Menos de 1% dos boletins de ocorrência pela internet são investigados pela polícia em Pernambuco.


Estatísticas da Polícia Civil revelam que 96.150 boletins de ocorrência foram registrados pela internet no ano de 2022. Mas só 363 (0,37%) resultaram em inquéritos policiais.

Os dados, extraídos da Unidade de Estatística Criminal, foram obtidos pelo Jornal do Commercio por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI).

Pelo menos 40 crimes podem ser registrados pela Delegacia pela Internet, como por exemplo ameaça, falsidade ideológica, vários tipos de furtos, violência doméstica familiar e até crueldade contra animais.

Até o começo de maio deste ano, queixas de roubos também podiam ser feitas virtualmente, mas a Secretaria de Defesa Social (SDS) decidiu retirar a opção - sem aviso prévio à população - sob a justificativa de que as pessoas não sabiam preencher os campos, e poucas informações eram fornecidas à polícia.

A mudança, revelada pelo JC, resultou em críticas da sociedade e um pedido de explicações enviado pelo Ministério Público de Pernambuco ao governo estadual. 

Policiais civis, ouvidos sob reserva, explicaram que cada delegacia (dividida por área ou município) precisa acessar os boletins de ocorrência virtuais para dar início às investigações. Mas, na prática, segundo eles, isso quase nunca acontece. Por isso o número tão baixo de inquéritos instaurados para apurar as queixas virtuais. 

“As delegacias têm acesso, mas ninguém (nenhum policial) abre. As delegacias não vão atrás dos boletins de ocorrência on-line registrados em suas circunscrições para investigar por causa da alta demanda de trabalho”, relatou um dos policiais civis.

“A maioria da população acha que, quando registra a queixa pela internet, a delegacia já começa a investigação. De fato era para acontecer isso. As delegacias têm acesso, mas não fazem isso, porque a demanda é grande. Além disso, tem policial que não sabe nem entrar no sistema. O boletim de ocorrência fica perdido”, disse outro policial civil.

“Tem queixa de perturbação do sossego que a vítima cansa, pede ‘pelo amor de Deus’ para tomarem uma iniciativa, mas a polícia não investiga”, exemplificou.

Fonte: JC


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