sábado, 5 de outubro de 2019

CONSELHEIROS TUTELARES: SÃO VÁRIOS.


Para uns, o fim; para outros, o começo e o recomeço. Para a grande maioria a consciência que fortaleceram pequenos cidadãos e mudaram, vidas. Fizeram e fazer história.
Sou uma pessoa privilegiada. Conheço quase todos/as Conselheiros/as Tutelares de Pernambuco, muitos de Alagoas, Sergipe, RN e Paraíba. Diferente do que alguns pensam, considero ter nesses Estados um número elevado de pessoas comprometidos com a causa da criança e do adolescente. A grande maioria faz diferença em seus municípios. Se tenho algumas coisas que me dá orgulho é participar de quase todas as reuniões das associações e eventos ligados a eles/as. Além disso, como professor, tenho contato permanente com a maioria. Por este motivo, ouso em dizer tipos diferentes de Conselheiros/as que conheço. A maior parte são Proativo - São os que ler e estudam - sabem o que estão falando. Posicionam-se diante dos fatos com segurança. Não aceitam que pseudoautoridades mandem exercer atribuições que não são suas. Infelizmente estes têm sido perseguidos exatamente por exercerem e conhecerem as suas atribuições. São os que pensam antes de decidir e agem como colegiado. Nem sempre é fácil. Por exemplo, em setembro solicitaram ao CT de minha Cidade para, junto com a PM, desocupar um assentamento, derrubando mais de 60 casas e desalojando famílias que estavam lá há 16 anos. Corajosamente os/as Conselheiros disseram não e foram contestados pela PM.
Louvo os que não ficam atrás do Birô, e sabem perfeitamente o que é notificar, requisitar serviços. Conversam com os companheiros em caso de dúvidas. Interagem, participam, tem conhecimento do que acontece no seu município, propõe ,...
Mas, tem uns....
O do achismo – Não lê. Não estuda. Tem dificuldades de trabalhar o coletivo. Mas, acha que sabe tudo. “Acho que não é meu papel, mas faço o que os outros mandam”. Um trapalhão dentro do Conselho Tutelar. O Conselheiro formado com base no seriado da Record.
O solitário- Não quer trabalhar de forma coletiva. É um peixe fora d’água. Não foi uma comunidade que o elegeu. Faz parte de um grupo do prefeito, do vereador, da Igreja... Não participa de formações, muito menos das reuniões promovidas pelas associações de Conselheiros/as.
O que manda- Se eleito vou intervir naquela escola, no acolhimento, na creche. Tenho poder até para fechar as ONGs, demitir prefeitos. Vou fazer o que os conselheiros atuais não fazem. Vou fechar bares, correr atrás de meninos na rua.
O candidato executivo - Se for eleito vou aumentar o número de creches, aumentar salário e trazer uma UPA para nossa comunidade.
A marionete- Claro que conheço a lei. Mas, também conheço a força das autoridades locais e não vou brigar com eles. O que custa deixar dois computadores do KIT com a secretaria? O que custa emprestar o carro? Quando precisamos de diária, não nos cede? Eles são nossos amigos - É um frouxo.
O que muda de opinião- Na aula da escola de Conselhos, concordo com tudo. Quando chego na minha cidade, caio na real.
O de hábito noturno- Quando aparece nas capacitações o sol já se pôs. Se tiver noite cultural é o mais animado, é proativo.
O esperto- Sempre nas capacitações perto de Praia, Feira de sulanca, ...
O da carteirada- Me respeitem. Sou Conselheiro Tutelar. Vim assistir o meu time jogar.
O que gosta de capacitação longe. Quando as Associações de Conselheiros organizam encontros perto de sua cidade não aparecem. Mas, quando é em outros Estados....
O que pensa que é conselheiro de direitos. Quer fazer edital. QUER DECIDIR O PROCESSO DE ESCOLHA. Baixar resolução... Quando estive com o CEDCA, numa reunião com o presidente do TRE, ouvi críticas pela ausência de um representante do Conselho Tutelar. Se ele estivesse ali, estava substituindo o CD, e quebrando a isonomia em relação aos outros candidatos.
O não ético- agride colegas, usa redes sociais para ofender companheiros. Em vez de se preocupar com sua candidatura, prefere tentar derrubar a dos outros. Como farão depois, se precisarem conviver com os outros quatro colegas?
Não sei se os mais comprometidos permanecerão. Sei que nesses últimos anos, aprendi mais que ensinei em capacitações, chegava cansado e saía revigorado. Não sei se ainda teremos a disputa entre evangélicos e católicos, bem comum nos últimos anos. Acredito muito mais que o embate será entre os que conhecem e defendem o ECA e os que estão do lado dos que querem rasgá-lo. Batalha acirrada.
04 de outubro de 2019
Silvino Neto


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