domingo, 6 de novembro de 2022

Conselho tutelar vai ser acionado após agressões contra aluno autista.


O Conselho Tutelar vai ser acionado para acompanhamento do caso de um aluno, autista, que foi agredido na Escola Santo Tomás Aquino, no bairro São Bento, em Belo Horizonte. A informação é do Grupo Inspira, que adminitra a instituição. Além disso, o diretor da escola, que cuidou do caso inicialmente, não vai mais se envolver no assunto, segundo o grupo. 

O fato vai ser monitorado pelos administradores da rede responsável pela escola. Na noite deste sábado (05), OTempo chegou a noticiar que o diretor da Escola Santo Tomás de Aquino havia sido afastado, após receber a notícia da mãe do estudante agredido, repassada aos pais em uma reunião que ocorreu durante a manhã na instituição. 

No entanto, horas depois, a assessoria de comunicação do Grupo Inspira informou que o afastamento, até então, será apenas da condução do caso. “Os donos do grupo, quando souberam da gravidade do caso, pegaram o primeiro voo e vieram para Belo Horizonte. Eles entraram em contato comigo ontem de manhã e hoje teve uma reunião aberta a todos os pais na quadra da escola e informaram o afastamento do diretor e que vão tomar diversas providências”, relatou a mulher, que terá a identidade preservada. 

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Segundo ela, ainda nesta sexta-feira, os responsáveis pela administração do Inspira chegaram a fazer uma reunião individual com ela e o diretor da escola. Ela disse ter ficado aliviada com as mudanças. “Na quinta-feira eu tive uma reunião na escola em que saí muito chateada, nervosa. O diretor foi muito frio, sem empatia e tentou, inclusive minimizar a gravidade do caso. Estava mais preocupado com a reputação da escola, do que com meu filho”, contou. 

Desde que o caso ocorreu, na última terça-feira (05), ela disse que o filho tem enfrentado diversas crises e alterações de humor. “Ele está em pânico, com medo. A noite acorda muito suado, molhado, assustado. Eu estou de vigília 24 horas por dia. Quando eu preciso ir às reuniões da escola, meu marido fica com ele. Estou até afastada do trabalho”, complementou. 

O caso

A polêmica envolvendo a escola começou na última terça-feira, quando um colega de sala da vítima o agrediu com um mata-leão e depois jogou uma garrafa de água sobre o rosto do menino. Entretanto, a família julgou que a punição dada ao aluno que agrediu a criança autista era insuficiente frente à gravidade da situação. O estudante responsável pelas agressões recebeu, inicialmente, uma suspensão de 2 dias e foi trocado de turma. Todavia, neste sábado a escola informou que o aluno foi afastado por tempo indeterminado conforme um plano alinhado com familiares. O caso vai ser levado ao Conselho Tutelar. 

"Ele não conseguia verbalizar nem para mim. Só conseguiu falar após ser levado para a terapeuta dele, que, com muito jeito, conseguiu que ele falasse. Ele disse que, ao final do primeiro horário, estava conversando com um amigo quando esse garoto chegou, jogou ele no chão com muita força e, depois, deu um mata-leão. Tudo isso enquanto os colegas riam e batiam palmas. Quando a professora chegou, pediu várias vezes para ele sair de cima do meu filho, mas, em seguida, só mandou todos irem para suas mesas, e continuou com a aula", detalhou a mãe na última sexta-feira à reportagem. 

Traumatizado com o ocorrido, o adolescente autista disse que preferiu "dormir" durante a aula, em uma tentativa de tentar parar de pensar nas agressões que sofreu e evitar que tivesse uma crise na frente dos coleguinhas. Ele permaneceu dormindo durante dois horários, o que também é contestado pela mãe, já que os dois professores, de matemática e português, deveriam tê-lo acordado e questionado sobre o motivo disso. 

Posicionamento 

Em nota, a assessoria de comunicação está apurando o fato, mas informou sobre a nova punição ao estudante.

"A Escola Santo Tomas de Aquino reforça sua consternação e solidariedade com o aluno e seus familiares envolvidos no recente caso de agressão. Informamos que o aluno agressor foi afastado das aulas segundo um plano alinhado com sua família e após o cumprimento dos trâmites processuais, que passam pela apuração dos fatos e o acionamento do Conselho Tutelar. 

É importante destacar que a instituição tem como política o acompanhamento de cada um dos alunos neurodiversos por meio de um Plano de Desenvolvimento Individual. No caso do aluno em questão, ele retornará à sua rotina escolar com o acompanhamento de um profissional qualificado e contará com o acolhimento de toda a equipe, de acordo com um plano detalhado em parceria com a família. 

Por fim, a Santo Tomás de Aquino reforça que repudia qualquer tipo de agressão ou violência e, ao longo dos seus 68 anos, sempre teve a reputação de acolher e incluir alunos diversos, com a convicção de que a escola deve ser um ambiente para todos. Assumimos, com amor e profissionalismo, os desafios inerentes à inclusão, sem fazer distinção ou escolhas na admissão dos seus alunos. E reafirmamos nosso compromisso de continuar lutando diariamente para realizar esta missão."

A instituição também publicou uma nota na última sexta-feira, no Instagram, lamentando o episódio. 

Fonte: Portal O Tempo


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