quarta-feira, 19 de novembro de 2025

Por que 20 de novembro é o Dia da Consciência Negra? Entenda o significado da data.


Dia 20 de novembro é considerado o Dia da Consciência Negra em homenagem ao legado de Zumbi dos Palmares, líder do maior e mais duradouro território de residência negra das Américas, de acordo com Cláudia Alexandre, pós-doutoranda em antropologia social pela Universidade de São Paulo (USP).

“Zumbi foi assassinado em 20 de novembro de 1695. Essa data simboliza a violência do racismo e a perseguição do sistema escravocrata enquanto um projeto. Assim como a potência da luta e da resistência negra pela liberdade”, afirma a especialista.

Para Cláudia, a escolha da data não é apenas um gesto de memória, mas uma revisão necessária da narrativa oficial. “Por muito tempo os livros escolares fizeram com que as crianças nas escolas celebrassem o 13 de maio como marco da abolição, o que apaga as existências negras e desloca o protagonismo para a figura de uma princesa branca”, complementa.

“Em 13 de maio de 1888, 80% dos negros já tinham ganho a liberdade pela carta de alforria ou como resultado da luta abolicionista no Brasil”, explica a antropóloga, que defende que o 20 de novembro recoloca no centro aqueles que lutaram, criaram estratégias, construíram comunidades, preservaram culturas e imaginaram um Brasil possível muito antes da abolição por decreto.

O que representa a Consciência Negra?

Para Luana Ozemela, especialista em equidade racial e Chief of Sustainability (CSO) do iFood, a consciência negra representa o momento em que o Brasil é convidado a enxergar como a questão racial molda acesso, poder e oportunidades. “É um lembrete incômodo, mas necessário, de que a equidade não é um gesto simbólico: é uma decisão de negócio, de governança e de futuro”, diz.

Já na percepção de Ana Bavon, consultora especialista em Direitos Humanos e ESG, o termo representa a afirmação da identidade negra como potência coletiva e sua recusa em aceitar narrativas que reduzam à dor ou à falta. “Simboliza o reconhecimento do nosso lugar social como sujeitos históricos, políticos e jurídicos, ou seja, pessoas dotadas de direitos e não de concessões”, afirma

“Individualmente, é um convite profundo ao pertencimento e à compreensão de que a nossa existência não é uma exceção; não é um um desvio. Ela é o próprio fundamento da sociedade”, finaliza Luana.

Fonte: Valor Econômico

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