Metade dos agressores são conhecidos pelas crianças e adolescentes vítimas de estupro. São pais, padrastos, responsáveis ou alguém conhecido das vítimas. O dado foi extraído junto com um estudo do Núcleo de Estudos Raciais do Insper divulgado hoje e deve ser utilizado num novo levantamento.
"É um dado muito preocupante. Em quem essa criança pode confiar? Em tese são pessoas que deveriam protegê-las. E também são pessoas que tem muita capacidade de silenciá-las", disse Allison Santos, pesquisador do Insper e um dos autores do estudo, à coluna.
A partir das notificações feitas pelas vítimas às unidades de saúde, a equipe do Insper quer tentar descobrir quanto tempo leva para as crianças e adolescentes denunciarem o estupro depois da primeira agressão. Segundo o pesquisador, os dados apontam que, em geral, são estupros que se repetem ao longo do tempo.
Santos explica que as notificações estão aumentando e os registros começam a captar isso, principalmente por causa do trabalho das escolas públicas que atuam na conscientização das crianças sobre seu corpo.
Ainda assim, essas crianças tem dificuldade de denunciar o crime à própria mãe. Algumas mães não aceitam o estupro, porque aponta uma falha na sua responsabilidade como cuidadora ou porque são cometidos por companheiros.
O levantamento mostrou, pela primeira vez, que 4 em cada 10 crianças e adolescentes até 17 anos estupradas são negras. "São muitas vulnerabilidades envolvidas: a pobreza, a baixa educação, a objetificação do corpo da mulher negra", diz Santos.
Por: Raquel Landim
Fonte: UOL
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