sexta-feira, 10 de março de 2023

Papa Francisco defende igualdade salarial por gênero no Dia Internacional da Mulher.


O papa Francisco condenou a disparidade salarial entre homens e mulheres e defendeu a igualdade de oportunidades para elas em uma pensata divulgada pelo site oficial do Vaticano nesta quarta-feira, 8 de março, quando se celebra o Dia Internacional da Mulher.

“Gosto de pensar que, se as mulheres tivessem acesso à igualdade de oportunidades, elas poderiam contribuir substancialmente para as mudanças necessárias para criar um mundo de paz”, afirma o pontífice no texto, que serve de prefácio ao livro “More Women’s Leadership for a Better World”, ou mais liderança feminina para um mundo melhor, publicado pela editora italiana Vita e Pensiero.

“É justo”, prossegue ele, “que elas possam expressar essas habilidades em todos os âmbitos, não apenas naquele familiar, e possam ser remuneradas de maneira equânime em relação aos homens ao desempenhar papéis iguais”.

A discussão sobre igualdade de gênero na Igreja Católica ganhou impulso na gestão do argentino, que levou mulheres a ganharem um protagonismo inédito no Vaticano. De acordo com dados da Santa Sé, a quantidade de mulheres que trabalham na Cúria Romana, isto é, a administração da Igreja Católica quase triplicou desde a eleição de Francisco em 2013, indo de 812 para 3.114. Sua presença em comparação com a de funcionários homens também aumentou em relação ao papado anterior, e foi de 19,3% para 26,1%.

O menor Estado independente do mundo, com menos de mil habitantes, diz inclusive ser o único em que há paridade absoluta de remuneração em termos de gênero.

Mesmo assim, as mulheres se queixam que o arcaísmo persiste intacto no catolicismo, seja na cúpula da igreja em Roma ou nas paróquias espalhadas pelo mundo. São as mulheres, geralmente irmãs consagradas, que servem padres, bispos e cardeais como empregadas domésticas, quase sempre sem nenhum direito reconhecido.

A possibilidade do diaconato feminino primeiro degrau na ordenação na hierarquia católica, seguido por padres e bispos também não avançou sob seu papado, embora o pontífice tenha criado uma comissão para discutir o tema em 2016.

Mulheres que trabalham no Vaticano ainda se queixam que as reformas de Francisco não impediram a permanência de uma certa mentalidade machista no coração da Igreja Católica. Em condição de anonimato, elas afirmaram à agência de notícias AFP que experimentam certo desdém recorrentemente, principalmente pelos clérigos.

Uma delas disse que tinha a sensação de ser tratada como uma estagiária, e citou comentários recorrentes sobre suas roupas ou sua aparência por parte de seus colegas. Outra se queixou que os homens com que convive agem de forma paternalista em relação a ela e outras colegas, reiterando por exemplo estereótipos de que as mulheres são mais sensíveis.

A caracterização é feita pelo próprio papa, vide outro trecho da pensata publicada hoje pelo site do Vaticano.

“As mulheres pensam de forma diferente dos homens. Elas são mais atentas à proteção do meio ambiente, e seu olhar não se volta para o passado, mas para o futuro. Elas sabem que dão à luz em meio ao sofrimento para alcançar uma grande alegria: conceder a vida e abrir novos e vastos horizontes. É por isso que as mulheres sempre querem a paz”.

A italiana Luceta Scaraffia, que entre 2012 e 2019 comandou um suplemento feminino no jornal oficial do Vaticano, é uma das críticas do atual pontífice no que se refere às suas políticas para mulheres. Também à AFP, ela afirmou que as reformas de Francisco são essencialmente cosméticas e, na verdade, escondem uma mentalidade machista segundo a qual “as mulheres devem servir sem pedir nada em troca”.

O papa, aliás, também fez referência a elas durante sua missa semanal no Vaticano, também nesta quarta-feira. Na ocasião, abençoou as mulheres presentes e pediu uma salva de palmas para elas.

Fonte: Portal de Prefeitura

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