segunda-feira, 26 de dezembro de 2022

Policial que matou a esposa grávida sofria bullying e chegou a processar companheiros de farda.


Mensagens em um grupo de WhatsApp de policiais militares demonstraram que havia entre os profissionais lotados no 19º BPM frequentes chacotas com o policial Guilherme Barros, que assassinou a esposa grávida, atirou em colegas de farda e depois se matou, no dia 20 de dezembro.

Pelo conteúdo das mensagens, a sanidade mental do atirador era colocada em xeque com frequência, o que estaria desagradando o soldado.

‘Esse Guilherme se incomodava muito com as brincadeiras nas quais era chamado de doido no batalhão’, diz o texto compartilhado no grupo.

Junto às mensagens, chegou também uma foto de Guilherme ao lado de um colega de farda, na qual foi feita uma montagem para sugerir que o soldado estava vestido com uma camisa de força. ‘Inclusive ele chegou a processar as pessoas que fez (sic) essa montagem’, completava a mensagem no aplicativo.

Outra mensagem dizia: ‘Estão comentando que ele sofria de bulling (sic), pedia pra pararem a brincadeira, mas continuaram chamando ele de doido e piscicopata (sic), etc. E ele falava que pra matar um era rápido… duvidaram… É infelizmente chegou a esse ponto’.

‘A Polícia Militar não divulgará informações de cunho pessoal e de caráter confidencial dos militares envolvidos na ocorrência do 19º BPM’, disse assessoria da PM ao ser questionados se estavam cientes do bullying que Guilherme sofria. 

O psicólogo e professor da UFPE Darlindo Ferreira ressaltou que não pode ser dito que o soldado Guilherme Barros fez isso porque sofria bullying ou porque ele era muito ciumento com a esposa e que fez isso por causa do ciúme.

‘Esses são fatores desencadeadores. Uma ação como essa é fruto de um conjunto de fatores. A gente tem que considerar os fatores estressantes do trabalho e o perfil de personalidade dele’, disse Ferreira.

O psicólogo disse ainda que esse tipo de situação não é algo que apenas a Policia Militar de Pernambuco enfrente. De acordo com ele, toda Polícia Militar do Brasil deixa a desejar no que diz respeito ao cuidado com a saúde mental.

‘Durante a formação eles são submetidos a muitas instruções e muitos elementos de violência simbólica, elementos estressores que precisariam ser amenizados. A formação da Policia Militar deveria ser repensada, talvez com mais aulas sobre direito humanos, com mais elementos na área da psicologia, em saúde mental e equilibrio’.

Uma sugestão trazida por Ferreira é que a polícia poderia ‘desenvolver ações do tipo ouvidoria, ou qualquer outro elemento neste sentido, onde a tropa pudesse denunciar ou tornar mais fácil a denúncia de bullying ou qualquer tipo de ações nessa direção’, concluiu o psicólogo.

Fonte: Portal de Prefeitura

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