Pais de estudantes de uma escola de Alvorada, na Região Metropolitana, denunciaram um professor por suspeita de assédio sexual. O caso foi encaminhado ao Conselho Tutelar do município, que fez denúncias ao Ministério Público e à Secretaria da Educação do Rio Grande do Sul (Seduc).
Um perfil em uma rede social foi criado por pais e responsáveis de algumas vítimas para alertar sobre o fato. Várias alunas alegaram, nos comentários deste perfil, terem sido molestadas. A Polícia Civil já instaurou inquérito e, por enquanto, há duas ocorrências registradas, envolvendo duas adolescentes que tiveram de passar por avaliação psiquiátrica após os traumas decorrentes do suposto assédio.
A Seduc avalia nesta segunda-feira (25) o possível afastamento ou exoneração do docente. O nome da escola, do professor e dos pais não estão sendo divulgados para não expor as vítimas adolescentes, conforme o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
De acordo com as denúncias, os assédios estariam ocorrendo desde o início do ano e teriam se intensificado nos últimos meses. No perfil criado no Instagram para monitorar o caso e cobrar medidas das autoridades, havia mais de 400 comentários até as 14h desta segunda. A rede social também é usada como meio de orientar como proceder e denunciar em caso de ataques desse tipo.
A mãe de uma das estudantes, uma jovem de 14 anos, relata que o assédio estaria ocorrendo há seis meses, mas que em julho um novo fato motivou a denúncia.
— Ele beijou o pescoço dela e chamou ela de “gostosa”. Ela está muito nervosa. Registrei ocorrência, tivemos reunião com Conselho Tutelar, e apareceram mais denúncias. Agora, aguardamos o resultado da (avaliação com) psiquiatra — afirma.
A mãe da outra adolescente conta que o professor teria forçado abraços e beijos após uma crise de choro da jovem.
— Quero relatar que foram repetidas situações, sendo a mais marcante quando ela teve uma crise de choro e ele se aproximou para supostamente consolar ela, dando vários beijos no rosto. Ela tentou afastar ele, mas ele forçou, segurando e apertando os braços dela sobre o corpo dele — conta.
Coordenadora do Conselho Tutelar em Alvorada, Fernanda Maciel diz que foi procurada por um grupo de mães, que relataram supostos comportamentos suspeitos do professor como abraçar e beijar alunas com insistência, forçar situações constrangedoras, além de chamá-las por adjetivos de cunho machista.
Segundo Fernanda, esse grupo procurou inicialmente a direção da escola, mas, mesmo com as reclamações, a única providência adotada teria sido a troca de turno do professor. Mesmo assim, ele permanecia no ambiente escolar, o que teria levado a novas denúncias, incluindo suposta coação das vítimas para que não fizessem mais reclamações.
Segundo o Conselho Tutelar, as mães e pais ou responsáveis estão sendo orientados a conversar com seus filhos para tentar identificar alguma situação atípica, e, se for o caso, denunciar.
— Recebi as denúncias e como houve demora para providências, procuramos Ministério Público e orientamos pais a registrarem ocorrência policial. Mas acionamos também a Secretaria (da Educação) — diz Fernanda.
A 28ª Coordenadoria Regional da Seduc confirma que recebeu as denúncias e que procurou a direção da escola para se inteirar do fato. Depois, foi marcada uma reunião para avaliar o que está ocorrendo e, então, o destino do suspeito. A Seduc também buscou informações junto ao Ministério Público e Polícia Civil.
Perícia psiquiátrica
A titular da Delegacia da Mulher de Alvorada, delegada Samieh Saleh, confirma as duas ocorrências e a investigação em andamento. Alunas e seus responsáveis já foram ouvidos. O professor será acionado e é aguardado o resultado pericial após duas adolescentes terem passado por avaliação psiquiátrica em busca de indícios de assédio.
— Temos estes dois casos, mas não descartamos mais. Por isso, quem tem algum fato relacionado, que nos procure — ressalta Samieh.
O resultado da reunião na Seduc deve ser divulgado ainda nesta segunda-feira. A polícia não tem prazo para conclusão do inquérito.
Como denunciar
Para denunciar casos como este, há os seguintes canais:
O Disque 100 é um dos canais de denúncia da Mulher, Família e dos Direitos Humanos. É um serviço de proteção a crianças e adolescentes vítimas de violência sexual. Ele funciona diariamente, das 8h às 22h.
Fonte: GZH
Nenhum comentário:
Postar um comentário