terça-feira, 12 de outubro de 2021

Conselheira tutelar denuncia agressão ao atender adolescente mantida em condições análogas à escravidão.


Uma conselheira tutelar foi agredida quando atendia o caso de uma adolescente de 17 anos que, segundo denúncia à polícia, era submetida a condições análogas à escravidão em uma padaria do distrito de Jundiapeba, em Mogi das Cruzes.

De acordo com o boletim de ocorrência registrado no último sábado (9), o Conselho Tutelar foi chamado por moradores do distrito para socorrer uma adolescente de 17 anos que tinha sido expulsa do trabalho na padaria Vanmay. Duas conselheiras foram até o comércio, na Rua Lucinda Bastos. Uma delas afirmou ter sido agredida com empurrões e socos pelo dono do comércio quando fazia fotos da fachada. O G1 tenta localizar o dono da padaria.

A adolescente contou que morava na Bahia e uma prima que trabalhava na padaria disse que o patrão precisava de funcionário e que lá era um bom lugar para trabalhar.

O dono do estabelecimento fez uma chamada de vídeo com a mãe da adolescente e acertou que ela trabalharia meio período e ganharia R$ 100 por dia. A jovem chegou no dia 31 de agosto e começou a trabalhar com a prima, que dias depois saiu do emprego.

Segundo o relato da adolescente, enquanto a prima estava na padaria ela trabalhava mais de meio período e recebia apenas R$ 20 por dia. Depois que a prima saiu ela passou a trabalhar das 5h30 as 20h30 e, após o expediente, ajudava a fazer o pão.

A jovem contou ainda que dormia em um colchão no chão da padaria e comia apenas pão e outros produtos do comércio. A adolescente disse também que há três semanas cortou o pé e o patrão não a levou ao médico. Apenas comprou medicamentos para ela cuidar do ferimento.

A vítima relatou que aos domingos a padaria fechava às 14h, quando dormia por conta do cansaço, mas às 17h30 precisava acordar para ajudar o patrão a fazer o pão. A adolescente detalhou que suas obrigações eram limpar, lavar, atender, cobrar e ajudar a fazer o pão.

No sábado, ela acordou com o patrão aos gritos dizendo que faltava dinheiro no caixa e a mandou embora da padaria. Os vizinhos do comércio prestaram apoio a jovem e acionaram o Conselho Tutelar.

Duas conselheiras foram atender à jovem. Uma delas foi até a padaria fotografar a fachada do local. A conselheira relatou à polícia que estava a 30 metros do estabelecimento fazendo fotos quando foi abordada pelo comerciante. De acordo com o relato, ele disse que não a autorizava a tirar fotos do estabelecimento e começou a xingar a conselheira. Depois, o dono da padaria passou a agredi-la com empurrões e socos.

A mulher do comerciante chegou e conseguiu retirá-lo do local, levando-o de volta para a padaria. As conselheiras chamaram a Polícia Militar, mas quando os policiais chegaram foram informados que o dono e a esposa tinham saído.

A adolescente e a conselheira agredida receberam atendimento médico na UBS de Jundiapeba. A jovem foi encaminhada para um abrigo e depois voltará para a família.

O boletim de ocorrência foi registrado na Central de Polícia Judiciária como redução à condição análoga a de escravo, agenciar, aliciar, recrutar, transportar, transferir, comprar, alojar ou acolher, desacato e impedir ação de autoridade judiciária.

Fonte: G1


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