segunda-feira, 19 de julho de 2021

Núcleo desenvolve projeto para orientar o acolhimento de crianças e adolescentes vítimas de violência sexual.

 
A Rede de Proteção da Criança e do Adolescente compreende um grande número de pessoas. Entre elas, professores, policiais militares, policiais civis, conselheiros tutelares e judiciário. Toda essa rede precisa estar alinhada para que em casos de violência o acolhimento seja imediato. Para alinhar toda essa comunicação, em Uberlândia o Núcleo de Atenção Integral a Vítimas de Agressão Sexual (Nuavidas), da Universidade Federal de Uberlândia, trabalha ativamente em um projeto chamado “Educação permanente para o cuidado integral a pessoas em situação de violência sexual”.
  O projeto consiste em encontros mensais onde toda essa rede de proteção é orientada da melhor maneira para lidar com a violência. O tema do próximo encontro é "Escuta especializada: responsabilidade de quem?". A escuta especializada no depoimento especial evita que a vítima tenha que ficar repetindo inúmeras vezes a situação violenta pela qual passou e promove o acolhimento e encaminhamento para o melhor tratamento.
  O tema escolhido não é por acaso. De acordo com a psicóloga do Nuavidas, Anamaria Silva Neves, a divulgação agora é voltada para os educadores, isso porque a escola é um grande canal de denúncia. Com a pandemia, as crianças não foram para as instituições de ensino e acabaram ficando em casa expostas a essa violência. A profissional destacou que cerca de 80% dos violentadores são pessoas ligadas à família. Dentro desse grupo, a grande maioria é pai ou padrasto.
 
“É muito importante que os educadores se sensibilizem porque as crianças estão voltando para a escola. É importante que esses profissionais estejam atentos. A criança não fala verbalmente sempre, ela fala em comportamento. Então, a gente acha muito importante adicionar os educadores para ficarem atentos às movimentações e expressões da infância nesse período de retorno”, disse Anamaria.
 
Além da psicóloga, o juiz da vara da Infância e Adolescência de Uberlândia, José Roberto Poiani, participa do encontro e destaca que o objetivo é trabalhar essa informação continuada dentro de todas as instituições que lidam com crianças e adolescentes. “A escuta especializada é importante para evitar a revitimização. É uma entrevista muito importante para que se colham os elementos necessários a fim de que essa criança receba os melhores encaminhamentos na saúde, na assistência social, na saúde emocional, na psicologia”, explicou.
 
O juiz destaca ainda que diante da violência existem duas preocupações. A primeira, e mais importante, é a proteção da criança e do adolescente para tratar as feridas físicas e emocionais causadas por essa situação. A segunda é buscar elementos para responsabilizar os autores. “Quando a criança no sistema antigo revelava para alguém que ela estava sofrendo algum abuso, ela tinha que ficar repetindo isso para o professor, para o diretor da escola, para o conselho tutelar, para o policial militar, para o policial civil. Então, até chegar no juiz ela já tinha revivido essa situação 10 vezes. Isso faz ela rememorar, cada vez que ela fala sobre a violência”, enfatizou Poiani.
 
Fonte: Diário de Uberlândia 

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