Em primeiro lugar, é importante entender como as células saudáveis do corpo se alimentam. Então, o alimento ingerido é digerido e metabolizado pelo sistema digestório, que transforma tudo em pequenas partículas. Elas, por sua vez, são distribuídas para todo o aparato metabólico das células, garantindo que elas fiquem vivas.
“Por exemplo, as mitocôndrias, que eu chamaria dos pulmões das células. Vamos utilizando os nutrientes ingeridos, hidrolisados, quebrados e trazidos para uma quantidade e tamanho extremamente menor para que essas células possam aproveitar esses alimentos”, explica o Dr. Hélio Pinczowski, médico coordenador da Oncologia Clínica do Grupo Leforte.
Em segundo, vale lembrar como o câncer acontece. A doença se desenvolve quando uma célula do corpo sofre uma mutação genética e passa a criar outras células, com a mesma anomalia, em velocidade descontrolada. Normalmente, o corpo humano possui oncogenes, que são responsáveis por impedir que a mutação aconteça. Caso ela venha a acontecer, os oncogenes fazem com que a célula deficiente morra.
“Esses mecanismos de defesa de reparação da célula, em alguns momentos da vida, podem ter defeito. Dessa forma, não conseguem reparar as alterações que ocorrem. Assim, as células que tiveram uma mudança no seu material genético, no DNA, acabam se desenvolvendo de maneira equivocada, porque os mecanismos de defesa de reparação desses erros não estão mais funcionando”, diz o Dr. Pinczowski.
O que alimenta o câncer?
Segundo especulações, existem três alimentos que alimentam o câncer, sendo eles: carboidratos, açúcares e proteínas animais. Porém, o oncologista conta que não há evidências apontando que as células cancerosas se alimentam de forma diferente das saudáveis. Os dois tipos precisam de oxigênio e nutrientes, carregados pelo sangue, para sobreviver e se multiplicar.
“Existem muitos estudos nessa linha para entender o que nós comemos e o que isso pode atrapalhar a evolução de um diagnóstico oncológico. Entretanto, eu não acredito que as células cancerosas se alimentam diferente e nem utilizam algum alimento de forma diferenciada”, o doutor diz.
Alimentos que alimentam o câncer
Sim, é verdade que o câncer se alimenta de açúcar. Assim como todas as outras células do corpo. Isso acontece porque tanto o açúcar, quanto o carboidrato, quando são metabolizados, viram glicose. A função da glicose é justamente fornecer energia para o organismo funcionar. Ao retirar esses dois elementos da dieta, o corpo passará a procurar outras formas de obter glicose. Uma delas é utilizando as proteínas que formam os músculos. Assim, o paciente oncológico começa a perder peso e, especialmente, massa muscular, fazendo com que ele tenha menos força para aguentar o tratamento.
O mesmo vale para as proteínas animais, como a própria carne e o leite. Retirá-las do prato não vai matar o câncer de fome, muito pelo contrário! Como o tratamento antineoplásico por si só pode causar a perda muscular, ao parar de consumir as proteínas animais, o paciente perde uma fonte que ajuda a reconstruir os músculos. Dessa forma, é possível que aconteça uma piora das reações adversas aos remédios e também uma limitação das atividades rotineiras.
A única maneira de realmente fazer com que as células cancerosas morram de “fome”, é por meio dos medicamentos antiangiogênicos. Eles são utilizados no tratamento dos tumores sólidos, especialmente, metastáticos.
“Quando os tumores crescem, para se alimentarem, criam neovasos, pequenas artérias e veias que vão ajudar na sua alimentação. As drogas antiangiogênicas têm a função exata de cortar e suprimir esse nutrimento sanguíneo. Com isso, a célula do tumor sofre a morte celular, também chamada de apoptose”, esclarece o Dr. Pinczowski.
Dieta para pacientes com câncer
Como não existem alimentos que matam o câncer, o especialista comenta que a discussão sobre retirar certos tipos de comidas da alimentação não tem fundamento. Tanto que, as grandes organizações de Oncologia, brasileiras e mundiais, não indicam uma proibição drástica de determinados alimentos durante o câncer. A orientação, na verdade, é fazer uma reavaliação do que está no cardápio e adequá-lo para uma forma mais saudável.
Deve-se, principalmente, evitar os alimentos processados, ultraprocessados e ricos em gordura, e reduzir o sal e açúcar. E o mais importante é ter o hábito de realizar exercícios físicos, que ajudam no condicionamento para receber o tratamento.
“Não existe uma proibição categórica de um determinado alimento. Devemos nos alimentar de uma forma mais saudável, mais fresca e mais variada. Então é uma revisão no estilo de alimentação”, finaliza o Dr. Hélio Pinczowski.
Fonte: SAJ Notícias
Nenhum comentário:
Postar um comentário