Trabalhei
na África, a serviço de organismos internacionais. Vi de perto a guerra
civil. Vi governantes dizerem que o HIV era invenção de laboratórios
para vender remédios. Vi xamãs recomendarem aos portadores de HIV manter
relações sexuais com mulheres virgens para curar a doença. Fiquei
profundamente indignado com que vi e achei que isso jamais aconteceria
no Brasil. Li grandes intérpretes do Brasil, como Joaquim Nabuco,
Euclides da Cunha, Paulo Prado, Gilberto Freyre, Caio Prado Júnior,
Sérgio Buarque de Holanda, Celso Furtado, Roberto da Matta e outros
igualmente importantes. Pensei que tinha alguma ideia do que seria o
Brasil. Equivoquei-me. Vejo pessoas que, em meio à pandemia, fazem
festas, vão a shows, frequentam praias, roubam dinheiro para tratar da
doença, conclamam pessoas a participar de reuniões religiosas e
sepultamentos, proclamam soluções milagrosas, etc. E não são poucas. É
simplismo, no meu entender, atribuir esse quadro apenas a governantes. É
muito mais grave. Somos todos responsáveis. O déficit é de cidadania.
Lamento não saber qual é a solução.
Fonte: Blog do Jânio Arruda
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