terça-feira, 29 de dezembro de 2020

Poder público em Santa Cruz do Capibaribe, pretende se desfazer de um prédio público em favor de uma associação de empresários.


É ina-cre-di-tá-vel, mas o poder público municipal, em Santa Cruz do Capibaribe, pretende se desfazer de um prédio público em favor de uma associação de empresários. Conforme Projeto de Lei 014, enviado à Câmara de Vereadores, em 15 de dezembro, no apagar das luzes deste ano, o município propõe doar um imóvel em uma área de 1.550,64 m².

A cidade é marcada pela ausência de espaços públicos para construção de equipamentos como creche, escola e postos de saúde. A falta de áreas públicas é evidente, pois: a) em muitos bairros e loteamentos, as áreas públicas possuem áreas muito pequenas; b) terrenos destinados como áreas públicas são, em alguns casos, córregos, riachos ou com acentuado declive ou aclive, formações rochosas; e, c) em bairros mais antigos, as áreas públicas foram ocupadas irregularmente.

Apesar de todo esse quadro descrito, de forma questionável, os nossos representantes desejam se desfazer dos poucos espaços existentes, repassando-os para a iniciativa privada. É um absurdo!

Será que a classe empresarial da cidade não tem condições de construir sua própria sede? É um tanto contraditório esses liberais que defendem tanto o Estado Mínimo e não perdem uma oportunidade de usufruir dos benefícios do Estado. Tenho a impressão que o Estado Mínimo que eles defendem seja apenas para os outros, enquanto para eles a regra é refestelar-se nas benesses desse mesmo Estado.

Precisamos defender a manutenção do prédio público como patrimônio do município. Quão proveitoso poderia ser para o município ter a posse desse imóvel? Por exemplo, uma escola municipal de ensino fundamental poderia ser instalada no bairro da Nova Santa Cruz, já que não há nenhuma escola municipal no referido bairro, e as poucas existentes nas adjacências funcionam de maneira precária com salas improvisadas (algumas divididas para fazer duas salas). Logo, não é justo que se abra mão deste prédio, onde funcionou a Escola do Senai, para repassar a empresários.

Apelo às autoridades que reflitam sobre essa situação e impeçam que continuemos a recair no erro de desfazer-se do bem e do interesse público para beneficiar a iniciativa privada. E, às pessoas de bom senso, façamos valer nossa força de mobilização para cessar esse modelo que repetidamente traz prejuízos à coletividade.

POR: MOISÉIS AMÉRICO


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