quarta-feira, 19 de agosto de 2020

Como assessores de Damares e outros extremistas atuaram no caso da menina estuprada no ES.

 

Damares Alves, a ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, em discurso na Organização das Nações Unidas (ONU), em Genebra. 24/02/20 Fabrice COFFRINI / AFP

De Allan de Abreu na Revista Piauí:

Passava pouco das 19 horas do dia 7 último, sexta-feira, quando uma menina de 10 anos, acompanhada da avó, atravessou a porta principal do hospital estadual Roberto Arzinauth Silvares, em São Mateus, Norte do Espírito Santo. A garota queixava-se de dores abdominais. O exame beta HCG constatou que a menina estava grávida, já com 22 semanas de gestação, resultado de estupros seriais que vinha sofrendo em silêncio desde os 6 anos por parte do tio, um ex-detento de 33 anos condenado por tráfico de drogas.

A partir daquele momento, a garota seria alvo de uma sórdida campanha antiaborto orquestrada por bolsonaristas nas redes sociais, fomentada por vazamentos tanto do seu cadastro na Prefeitura de São Mateus quanto do seu prontuário médico. A menina, que só conseguiria realizar a interrupção da gravidez no Recife, teve o nome divulgado na internet e chegou a ser chamada de assassina. No dia 9, o jornal A Gazeta, o maior do Espírito Santo, divulgou o caso com o cuidado de não revelar o nome da criança, como prevê o Estatuto da Criança e do Adolescente para casos assim. D

uas horas mais tarde, a ministra dos Direitos Humanos, Damares Alves, publicou a notícia da Gazeta em sua página no Facebook. Quatro dias depois, em 13 de agosto, a ministra anunciou na mesma rede social o envio ao Espírito Santo de dois assessores, um da Secretaria dos Direitos da Criança e outro da Ouvidoria de Direitos Humanos. Na companhia do deputado estadual Lorenzo Pazolini (Republicanos), autor de homenagem à ministra Damares na Assembleia Legislativa capixaba em 2019, os dois servidores estiveram na delegacia, no Conselho Tutelar e na Secretaria de Assistência Social de São Mateus.

A ministra postou uma foto dos três em frente à delegacia de São Mateus. Segundo publicação da ministra no mesmo Facebook, também tiveram contato com a família da criança. O objetivo, segundo a ministra, era “conhecer detalhes das investigações”. O Ministério Público Estadual suspeita que, nessas visitas, o grupo tenha tido acesso a todos os dados da criança, incluindo o prontuário médico.  As assessorias do ministério e do deputado negam envolvimento com o vazamento de informações do caso. Em nota, o Ministério dos Direitos Humanos afirmou que os assessores enviados ao Espírito Santo “não sabiam o nome da criança, nem  o endereço da família. E que jamais tiveram contato com qualquer pessoa próxima à criança”

(…)

fonte: www.diariodocentrodomundo.com.br

Nenhum comentário:

Postar um comentário