sexta-feira, 24 de julho de 2020

Fiocruz adverte: haverá mais 3 mil mortos no Rio com volta às aulas em agosto

Estimativa da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) aponta: se as aulas nas escolas voltarem a partir de agosto, o estado do Rio terá cerca de 3.000 novas mortes por causa do coronavírus. O cálculo leva em consideração o contato de alunos com pessoas de suas próprias casas em grupos de risco e que vão interromper o isolamento com os mais jovens de volta às unidades de ensino

 

A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) estima que, se as aulas nas escolas voltarem a partir de agosto, o estado do Rio de Janeiro terá cerca de 3 mil novas mortes por causa do coronavírus, levando em consideração um panorama em todo o País do impacto da volta às aulas em uma população de mais de 9 milhões de pessoas do grupo de risco que convivem na mesma casa com crianças e adolescentes em idade escolar - 600 mil delas moram no Rio. O Sindicato dos Professores do Rio de Janeiro (Sinpro), que representa 35 mil profissionais em atuação em mais de 2.000 escolas privadas na capital, criticou a medida. O levantamento foi desenvolvido com base na Pesquisa Nacional de Saúde, feita pelo IBGE em parceria com o Laboratório de Informação em Saúde da Fiocruz.

De acordo com o site do governo federal disponibilizado para atualizações das estatísticas da Covid-19, o território fluminense é o terceiro estado brasileiro com o maior número de casos (148 mil), atrás de São Paulo (439 mil) e do Ceará (153 mil). O governo do Rio registrou 12 mil mortes. No plano nacional, o Brasil ocupa o segundo lugar no ranking mundial de confirmações (2,2 milhões) e mortes (82 mil) provocadas pela doença, perdendo apenas para os Estados Unidos (4,1 milhões de casos e 146 mil).  

A previsão da Fiocruz levou em conta idosos com mais de 60 anos e pessoas com diabetes, problemas no coração ou no pulmão que convivem na mesma casa com ao menos uma pessoa com idade entre 3 e 17 anos. De acordo com a entidade, cerca de 10% dessa população deve precisar de cuidados intensivos, o que representa 60 mil pessoas no Rio. 

Segundo o epidemiologista Diego Ricardo Xavier, um dos responsáveis pelo estudo, em caso de volta às aulas, o contato com crianças e adolescentes fará com que parte do grupo de risco interrompa o isolamento social. A entrevista foi publicada pelo portal Uol

"A gente precisa lembrar como se dá a dinâmica familiar. Muitos pais saem para trabalhar e deixam os filhos com os avós. Mas, quando a criança voltar para a escola, vai acabar levando o vírus para essa população de risco, que não terá como seguir isolada. Acabou o 'fica em casa' para esses idosos. A doença é menos prejudicial na população mais jovem. Mas eles funcionam como vetores do vírus", disse ele. 

"Se o vírus voltar a subir de forma abrupta, não vai ser possível atender toda essa população. Os leitos já estão ocupados para atender o que ficou para trás por conta da covid", alertou.

O pesquisador também citou o contato entre professores e funcionários das instituições de ensino. "É difícil manter cuidados de higiene com crianças, que vão se aglomerar e entrar em contato com os trabalhadores da escola, criando uma nova distribuição do vírus. Seria preciso adotar estratégias de rastreamento dessa população para evitar que isso aconteça", acrescentou.

De acordo com o Sindicato dos Professores do Rio de Janeiro (Sinpro), a volta às aulas é "prematura". A categoria condicionou um eventual retorno à testagem dos profissionais para coronavírus, que não faz parte dos protocolos adotados pela Prefeitura do Rio, comandada por Marcelo Crivella (Republicanos).

O Sinpro marcou uma assembleia virtual para 1º de agosto, véspera da retomada facultativa das atividades escolares. 

A prefeitura contestou o posicionamento do Sinpro e disse que a categoria dos professores aprova a volta às aulas. Em nota, o Executivo municipal encaminhou relatos de profissionais de ensino, em apoio à medida.

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fonte: www.brasil247.com


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