sexta-feira, 19 de abril de 2019

Não foi uma catedral, mas apenas 1000 mortes e 1,6 milhão de crianças ignoradas pelo mundo.


Foi em 4 de março de 2019 -  O que seria o ciclone tropical mais forte a atingir Moçambique desde Jokwe, em 2008, se formou rapidamente no céu da África e logo em seguida devastou não apenas bairros e cidades inteiras, como milhares de casas e principalmente famílias, durando até o dia 15 daquele mês.


Como resultado, o desastre deixou mais de 1000 mortos e 1,6 milhão de crianças precisando de ajuda emergente, além de grandes partes de Moçambique, Madagascar, Malaui e Zimbábue destruídas. Os números são dramáticos!

Segundo a UNICEF, os casos de cólera e malária entre a população geral aumentaram para 4,6 mil e 7,5 mil, respectivamente, desde que o ciclone atingiu o país africano, fazendo o órgão lançar um apelo financeiro internacional de 122 milhões de dólares para ajudar os três países durante os próximos nove meses.
200 mil casas foram destruídas, 1 milhão de crianças moçambicanas precisam de assistência humanitária. No Malauí, o número é estimado em 443 mil. No Zimbábue, são 130 mil meninos e meninas. Falta água, comida, abrigo, roupas, medicamentos, assistência...






A ONU e seus parceiros apelaram por 40,8 milhões de dólares como ajuda de emergência para os países africanos vítimas do Idai. O Departamento para o Desenvolvimento Internacional do Reino Unido enviou 7,95 milhões de dólares para Moçambique e Malawi. Em 19 de março, a União Europeia liberou uma ajuda emergencial de 3,5 milhões de euros (3,97 milhões de dólares), enquanto o Brasil, por sua vez, enviou 100 mil euros aos atingidos.


Catedral de Notre-Dame


Segunda-feira, 16 de abril de 2019. Praticamente um mês depois do desastre ambiental que devastou três países da África, um incêndio atingiu a catedral histórica de Notre-Dame, construída em 1.163.

O mundo assiste perplexo. Canais de notícia de todo o planeta acompanharam ao vivo a evolução das chamas consumindo paredes, vitrais e obras de arte, dedicando horas de programação para a cobertura do episódio, enquanto cenas de pessoas emocionadas, incluindo apresentadores de TV, eram transmitidas em tempo real.

Praticamente em menos de 24 horas sai na BBC a seguinte manchete:

"'Enxurrada' de doações para reconstruir catedral já ultrapassa R$ 2 bilhões". A descrição informa que "já foram arrecadados em poucas horas mais de 600 milhões de euros (ou R$ 2,6 bilhões)".





Não foi necessário fazer apelos internacionais... como a própria matéria diz, houve uma "enxurrada" de doações em poucas horas.

A prefeita de Paris, Anne Hidalgo, propôs ainda a realização de uma "conferência internacional de doadores". Assim como a BBC, dezenas de outros veículos noticiaram empolgadamente a atitude "generosa" de bilionários em doar milhões de euros, e estes são apenas alguns exemplos.


Uma repetição da hipocrisia


Já que estamos falando da reconstrução de uma catedral cristã, vale a pena lembrar de como Jesus Cristo tratou em sua época o valor que os fariseus davam aos costumes, tradições e ao próprio templo, como local sagrado, em substituição ao valor da vida humana.


Na visão de Cristo, os fariseus pecavam justamente porque eles valorizavam mais o que não tinha valor em si mesmo, ao invés do real valor, que era a vida humana. O templo, o sábado e às leis foram feitos para o ser humano, e não o contrário, ensinou o Messias.

Assim, Cristo rompeu com a lógica praticada pelos fariseus, onde a sacralidade dos costumes e a literalidade das leis imperavam mais do que a misericórdia, a compaixão e o olhar de acolhimento ao próximo, tornando o "amar o próximo como a ti mesmo" um dos maiores mandamentos, ao lado de "amar a Deus sobre todas as coisas".



Jesus ensinou que o templo e às leis ganham sentido quando o amor ao próximo é priorizado. Reprodução: Google


Por isso o ministério de Cristo foi exercido em grande parte nas ruas. Ele entendia o valor do templo e o frequentava semanalmente (nas sinagogas), mas sabia que o Espírito Santo só habitaria verdadeiramente não em um "templo feito por mãos de homens", mas no corpo humano.
Com isso podemos questionar: qual seria a reação de Jesus diante da tragédia que abateu à África, comparada ao incêndio da catedral de Notre-Dame? Onde o Filho de Deus estaria com seus olhos e mãos neste momento, se tivesse a oportunidade de prestar ajuda financeira, em Paris ou na África?
Se o mundo, os empresários bilionários, tivessem a mesma comoção e disposição de ajudar os milhões que agora precisam de ajuda em Moçambique, Madagascar, Malaui e Zimbábue, como tiveram com Notre-Dame, certamente não seriam necessários "apelos" internacionais.
Por fim, essa não é uma crítica à catedral e sua necessidade de reconstrução, obviamente. Seu valor é único e merece ser preservado com a reconstrução. Mas é uma crítica à hipocrisia coletiva da sociedade, que quanto mais "direitos humanos" prega, mais parece ficar distante do seu verdadeiro sentido.
Por: Will R. Filho




5º ENCONTRO NACIONAL DE PREVENÇÃO E ENFRENTAMENTO AO ABUSO SEXUAL DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES


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