Líderes da igreja La Luz del Mundo foram acusados por promotores federais de Nova York, neste domingo (28/09), de exploração sexual e extorsão de fieis, após uma investigação contra a entidade religiosa fundada no México há quase um século e que soma mais de cinco milhões de fiéis em dezenas de países.
Reportagem publicada no The Guardian informa que a família Joaquín, que comanda instituição religiosa, com presença em todos os 50 estados norte-americanos e em diversos países, é acusada de transformar a igreja em uma rede de exploração sexual de crianças e mulheres. Eles teriam usado a religião para manipular fiéis e encobrir crimes, ao longo de décadas.
O líder atual da Luz del Mundo, Naasón Joaquín García, já está cumprindo pena na Califórnia por abuso de menores. Ele foi transferido para Manhattan para enfrentar as novas acusações de conspiração para tráfico sexual e extorsão, que podem resultar em prisão perpétua.
A denúncia também inclui sua mãe, Eva García de Joaquín, e outros cinco réus. Ela teria desempenhado um papel central na seleção e “preparação” de meninas para o abuso, expondo adolescentes à pornografia e participando diretamente das agressões sexuais.
Na última terça-feira (23/09), Alan Jackson, advogado de defesa de Naasón em Los Angeles, negou as acusações à NPR: “negamos categoricamente essas acusações e rejeitamos o retrato grotesco pintado pelo governo e seus aliados”, afirmou.
‘Apóstolo’
De acordo com os promotores, a prática de abuso teria começado com o fundador Eusebio “Aarón” Joaquín González. Após sua morte, em 1964, o controle foi assumido por seu filho Samuel Joaquín Flores e continuado com Naasón, a partir de 2014.
Segundo as investigações, em todas essas gerações, os patriarcas abusaram de devotos vulneráveis. “Os réus se envolveram em um empreendimento de extorsão que explorou a Igreja LLDM e persistiu por décadas para facilitar o abuso sexual sistêmico de crianças e mulheres — incluindo a criação de fotos e vídeos de abuso sexual infantil sádico”, afirmaram os promotores.
As vítimas eram levadas a acreditar que receberiam uma “bênção especial” do “apóstolo” ao servi-lo como condição para a salvação eterna, o que incluía atividades sexuais. Elas eram ameaçadas com punição e condenação eterna caso desafiassem suas ordens.
Título dado ao líder máximo da igreja, o “apóstolo”, também chamado de “ungido de Deus na Terra”, era apresentado como um ‘mediador’ entre Deus e os homens que possuiria qualidades extraordinárias. Segundo os promotores, as vítimas de Naasón incluem as filhas de meninas e mulheres abusadas por seu pai, em uma prática de abusos mantida por décadas.
‘Ofertas do amor’
Em paralelo, foi criado na Igreja um banco pessoal para financiar os abusos, incluindo doações de máscaras, fantasias e brinquedos sexuais, além de produtos de limpeza para destruir as provas dos abusos.
Chamadas de “ofertas do amor”, as doações garantiram um estilo de vida luxuoso para a família, afirmam os promotores, incluindo uma mansão em Los Angeles apelidada de “casa Versace” devido ao luxo, incluindo folhas de ouro no revestimento das molduras da casa.
Eles encontraram mais de US$ 1 milhão em dinheiro e um cofre escondido com joias e US$ 220 mil na residência de Eva, pedindo a permanência de sua detenção sob risco de fuga. Mãe e filho podem ser levados à prisão perpétua por conspiração para extorsão e tráfico sexual.
Fonte: Opera Mundi
Nenhum comentário:
Postar um comentário