segunda-feira, 12 de agosto de 2024

Pesquisa da CDL revela “apagão” de mão de obra qualificada em Santa Cruz do Capibaribe.

Santa Cruz do Capibaribe, a cidade-mãe do Polo de Confecções de Pernambuco, enfrenta um grande desafio no mercado de trabalho local. Uma recente pesquisa realizada pela Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) em julho de 2024, que envolveu 139 empresas do município, revelou que oito em cada dez empresas estão atualmente em busca de novos colaboradores. No entanto, encontrar candidatos qualificados tem se mostrado uma árdua tarefa para os empreendedores.

A dificuldade de encontrar mão de obra qualificada

De acordo com a pesquisa, 100% das empresas relataram enfrentar algum nível de dificuldade na contratação de colaboradores qualificados. Um alarmante 94% das empresas afirmaram ter muita dificuldade, enquanto 6% disseram enfrentar pouca dificuldade.

Mesmo para posições que não requerem experiência ou qualificação prévia, a situação não melhora substancialmente. Cerca de 78% das empresas ainda consideram muito difícil encontrar esses colaboradores, com 21% indicando uma leve redução na dificuldade e apenas 1% afirmando não ter problemas.

Nesse contexto, é oportuno lembrar um recente estudo da Fecomércio-PE, que apresentou uma informação preocupante, em Santa Cruz do Capibaribe, só um quinto da força de trabalho ocupada concluiu o ensino médio, ou seja, tão somente um em cada cinco desses trabalhadores concluiu o ensino médio. 


Causas da escassez de mão de obra qualificada

Diversos fatores contribuem para essa crise de contratação. Os entrevistados destacaram principalmente:

Programas sociais como o Bolsa Família: Embora essenciais para o suporte social e injeção de dinheiro na economia real, esses programas têm sido vistos como um desincentivo ao trabalho formal para alguns segmentos da população.

Desinteresse dos jovens: Muitos jovens parecem evitar a responsabilidade e o compromisso de um emprego formal.

Facilidade de empreender: A forte cultura empreendedora em Santa Cruz do Capibaribe e a facilidade de começar um negócio no município, tem levado muitas pessoas a optarem por empreender em vez de buscar empregos formais.

Desequilíbrio entre oferta e demanda: O número elevado de empresas na região supera a disponibilidade de mão de obra qualificada.

Baixa qualificação: A falta de qualificação é um problema persistente, com a maioria das pessoas na região não possuindo as habilidades necessárias.

Falta de interesse em educação: Há uma percepção de que os jovens não estão suficientemente engajados em estudar e se qualificar.

Horários incompatíveis: As empresas enfrentam desafios em conciliar horários de trabalho com os horários de creches e escolas, dificultando a vida dos pais que trabalham.

Infraestrutura de capacitação insuficiente: A escassez de estruturas adequadas para capacitação agrava a situação, com as poucas existentes sendo deficientes. O fechamento da Escola do Senai em Santa Cruz agravou ainda mais essa situação.

Preferência pelo trabalho autônomo: Muitos optam por serem autônomos, evitando o emprego formal.

As profissões mais procuradas

O estudo também revelou um ranking dos profissionais mais difíceis de encontrar no mercado local. É interessante observar que a lista não tem as badaladas “novas profissões”, normalmente ligadas ao mundo digital. É um ranking composto por profissões mais tradicionais. Aqui estão os 20 profissionais mais procurados, com destaque para os dois primeiros colocados (vendedor e costureira), que foram de longe os mais citados pelos entrevistados:


1 – VENDEDOR

2 – COSTUREIRA

3 – Gerente

4 – Secretária

5 – Estoquista

6 – Caixa

7 – Auxiliar de produção

8 – Serviços gerais

9 – Motorista

10 – Garçom

11 – Auxiliar de cozinha (restaurantes, bares e lanchonetes)

12 – Cortador/enfestador

13 – Auxiliar de escritório (administrativo, contabilidade, arquitetura)

14 – Diarista

15 – Pedreiro

16 – Professor

17 – Profissional para acabamento em confecção

18 – Estampador

19 – Servente de pedreiro

20 – Operador de máquina de bordar


A pesquisa da CDL destaca um grande desafio para as empresas de Santa Cruz do Capibaribe-PE: encontrar e contratar colaboradores qualificados. Com um mercado de trabalho desequilibrado e diversas barreiras estruturais, as empresas locais enfrentam um caminho árduo para preencher suas vagas e manter ou ampliar suas operações. As soluções para esse desafio exigem abordagens diversas, desde políticas públicas nas esferas municipal, estadual e federal; passando por adoção de novas tecnologias, até iniciativas de capacitação e ajustes na gestão das empresas e nos modelos de negócios.

Segundo Madellon Leite, que é educadora corporativa e vice-presidente da CDL Santa Cruz do Capibaribe, a pesquisa resulta em informações que podem nortear, a partir do contexto de cada empresa, estratégias importantes para atrair e manter talentos. Entre essas estratégias é possível destacar investimentos em desenvolvimento profissional, benefícios reais, validação e oportunidades de crescimento. “A percepção de mudanças, mentalidade estratégica e alta adaptabilidade serão determinantes nesse momento para as empresas no que diz respeito a pessoas”, esclareceu Madellon.

Para o presidente da CDL Santa Cruz, Bruno Bezerra, a pesquisa retrata um momento complexo e desafiador para o ambiente de negócios na cidade-mãe do polo de confecções. “Ficou muito clara a necessidade de uma união de esforços na criação de uma estratégia urgente, para viabilizar soluções inovadoras e colaborativas na capacitação de pessoas para impulsionar o crescimento sustentável das empresas na região”, ponderou Bezerra.


Fonte: Blog do Ney Lima

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