“O Conselho Tutelar é deficiente”, declara delegado Rômulo Andrade em entrevista.

O delegado Rômulo Andrade, titular da Delegacia Regional de Penedo, concedeu uma entrevista ao Programa Vida Real, apresentado por Luiz Carlos de Oliveira, o Luizão, na Rádio Penedo FM (97,3 Mhz e www.penedofm.com.br) para falar sobre as ações executadas em Penedo e a atuação do conselho tutelar na cidade.

No início da entrevista, o delegado falou sobre a força-tarefa que há algum tempo vem sendo executada em Penedo e região para cumprimento de mandados de prisão expedidos pelo Poder Judiciário e que estão tirando de circulação acusados de crimes diversos, como homicídios, estupros e roubos, por exemplo.

“Montamos essa força-tarefa atendendo a uma determinação do delegado-geral da Polícia Civil, Gustavo Xavier, e do secretário de Segurança Pública, Flávio Saraiva. Esse trabalho é muito importante porque passa para a sociedade uma maior sensação de segurança e mostra aos criminosos que a polícia está nas ruas e que nada ficará impune, passe o tempo que for”, explicou.

Em seguida, o delegado passou a tecer duras críticas a atuação do Conselho Tutelar de Penedo na defesa e garantia dos direitos das crianças e adolescentes.

“Tenho já discutido com o Ministério Público formas de trabalhar essa questão em Penedo, porque é muito deficiente, não é pouco, é muito deficiente. A gente ver que a quantidade de denúncias que chega a Polícia Civil de violência sexual contra crianças e adolescentes é muita baixa em Penedo e sabemos que não é porque não ocorre aqui, já que acontece na região inteira e a comunidade é a mesma”, declarou, enfatizando que o número de casos desse tipo é muito alto em cidades como Igreja Nova, Porto Real do Colégio e Piaçabuçu, por exemplo, e se só em Penedo é muito baixo é porque há algum problema.

De forma enfática, o delegado afirmou que a rede de proteção a crianças e adolescentes não funciona em Penedo e que isso precisa ser corrigido para dar confiança, principalmente aos menores de 12 anos, para que eles possam criar coragem e denunciar esse tipo de crime, saindo assim dessas situações de violência e abuso.

“A Polícia Civil tem um olhar atento a isso. Já conversamos com o promotor João Batista e ele disse que está entrando com algumas medidas exigindo uma política pública eficiente, em Penedo, para proteção dessas crianças, especialmente em relação a violência sexual. Vamos fazer um trabalho muito bom junto com o poder Judiciário, o Ministério Público e a prefeitura para mudar essa realidade”, complementou.

Ainda durante entrevista ao radialista Luiz Carlos de Oliveira, que apresenta um dos programas de maior audiência do interior de Alagoas, o delegado, que responde por seis delegacias da região, ratificou que entende que falta políticas públicas em Penedo, já que a situação na cidade é bem diferente do que é visto nas outras cidades.

“O Conselho Tutelar está deixando a desejar em algumas questões. Casos envolvendo crianças são urgentes e precisam ser resolvidos imediatamente. Recentemente fui procurado por uma mulher que reside em um povoado aqui da região e tinha brigado com o marido, sendo expulsa de casa. O mesmo não deixou que ela levasse o filho do casal, uma criança de apenas dois meses que precisava de amamentação. Essa mulher me encontrou na saída da delegacia e pediu ajuda porque procurou o Conselho Tutelar, contou o caso, e ouviu do órgão que não havia nada a se fazer após uma tentativa de resgatar a criança via contato telefônico. Isso não existe! Determinei que uma equipe da Polícia Civil fosse ao local e usasse os meios necessários para pegar a criança e devolver a mãe. Não demorou 30 minutos e tudo estava resolvido. Se eles não têm condições de resolver, passem para outra pessoa. Eu boto a Polícia Civil inteira à disposição”, salientou, em tom de revolta, citando diversas ações e campanhas que o órgão poderia executar em Penedo, mas não faz.

Esse ano, os eleitores voltarão as urnas para eleger os novos conselheiros tutelares dos municípios brasileiros, para um novo mandato de 04 anos. Rômulo Andrade fez um apelo para que os penedenses se conscientizem e votem em pessoas comprometidas com o trabalho, conscientes e que tenham o mínimo de entendimento de qual é a função do Conselho Tutelar. “A gente tem visto pessoas no cargo sem o mínimo conhecimento necessário para exercer a função”, acrescentou.

Fonte: Blog Aqui Acontece