quinta-feira, 23 de junho de 2022

"Eu não sou o assassino da Mirella", diz conselheiro tutelar de Alvorada.


O conselheiro tutelar que deveria ter verificado a situação da família de Mirella Dias Franco, morta aos três anos, em Alvorada, conversou com GZH e afirmou não se sentir culpado pelo o que ocorreu. Leandro da Silva Brandão, investigado e afastado das funções por supostamente ter forjado um documento de atendimento, nega a falsidade. O conselheiro cobra o fato de outras pessoas nunca terem denunciado que viam Mirella machucada, inclusive, hospitais que a atenderam. O Hospital Cristo Redentor recebeu a menina em 6 de janeiro com fratura no punho esquerdo, levada pelo avô. A assistente social, ao constatar que em setembro Mirella havia passado por outro hospital do grupo com lesões de pele, decidiu alertar o Conselho Tutelar, o que foi feito por telefone no mesmo dia. Em 10 de janeiro, um ofício foi enviado ao órgão formalizando o pedido de averiguação sobre a família da criança. O conselheiro tutelar afirmou que mesmo provando sua inocência, vai renunciar ao mandato. A investigação da morte da menina deve ser concluída esta semana. Leia a entrevista:

Como foi o contato do Hospital Cristo Redentor com o Conselho Tutelar?

Foi por telefone com o conselheiro (cita o nome de um colega, que não é investigado). Disseram que tinha uma menina, que já estava em tratamento no hospital de Viamão por membro do corpo quebrado, e que agora tinha caído de uma bicicleta, e pediram para fazer essa averiguação. Que o avô que levou, que a mãe não estava. A primeira determinação do Conselho Tutelar foi para essa criança ficar com o avô, que saísse com o avô e que depois fosse mandado esse e-mail para fazermos apuração. Já fica evidenciado nesse primeiro momento que não havia mais risco, que a criança foi entregue para o avô em ambiente de proteção.

No documento do hospital que o senhor nos apresentou, está registrado que o Conselho Tutelar devia realizar "busca ativa da família para avaliar a situação e acompanhar, descartando riscos de violência física ou negligência".

O hospital nem fez guia do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), que é a declaração quando há maus-tratos ou violência. Para entender bem, é como se um paciente fosse para a triagem para classificação de risco: vermelho todos agem imediatamente, verde ou azul, vai ser atendido, mas não tem risco de vida iminente, e era o caso da Mirella com esse relatório do hospital.

Quem recebeu o e-mail com as informações do hospital?

Caiu na caixa do conselho tutelar, para ser distribuído no outro dia.

Quem abre essa caixa de e-mails, os conselheiros ou funcionários administrativos?

Para fazer a distribuição, quem abre são os funcionários administrativos.

Como foi o trâmite desse e-mail do hospital dentro do Conselho Tutelar?

No dia 11, o administrativo analisou o documento e mandou normalmente para distribuição. Outro filtro de que não havia o risco, pois quando há risco, vai para o o conselheiro que é do dia e que sai para cumprir as demandas de rua. Se o administrativo recebe e tem risco, não manda para o rotativo normal, manda para o conselheiro que está na rua para apurar imediatamente.

E esse caso foi para distribuição normal? Como o senhor recebeu?

Mandaram para meu e-mail e fizeram a distribuição no livro de ocorrências normal. Mas eu não era o responsável.

Fonte: GZH

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