segunda-feira, 14 de fevereiro de 2022

Prevenção da Gravidez na Adolescência.


Mais três de mil pessoas, entre crianças, adolescentes e profissionais da rede de proteção de todo o Brasil, principalmente do Ceará (57%), participaram de uma roda de conversa sobre Prevenção da Gravidez na Adolescência, na noite desta sexta-feira, 11 de fevereiro. O evento foi transmitido, ao vivo, no canal da Rede Peteca, no Youtube, e contou com a mediação do Procurador do Trabalho Antonio de Oliveira Lima. Os participantes que assinaram a lista de presença receberão certificados de participação, nos próximos dias.

A iniciativa faz parte da formação continuada que a Rede Peteca está promovendo com o objetivo de capacitar os atores da Rede Protetiva para prevenir e combater as violações de direitos de crianças e adolescentes, dentre elas o trabalho infantil, a violência sexual, a evasão escolar, o bullying, a violência doméstica e a gravidez na adolescência. 

O primeiro evento da série, realizado no dia 28 de janeiro, abordou as conexões entre trabalho escravo e o trabalho infantil, e contou a participação de mais de cinco mil pessoas ao vivo, além de outras 12 mil que acessaram a plataforma durante ou após o evento, totalizando quase 17 visualizações

A primeira exposição desta sexta-feira foi feita pela adolescente da Rede Peteca, Priscila Lima Cândido, de 13 anos, estudante do 9º ano, na Escola Isaías Cândido Rodrigues, do Município de Orós-CE. Ela falou sobre as causas da gravidez na adolescência, com destaque para a falta de informação, o desconhecimento dos métodos contraceptivos, conflitos no ambiente familiar e a violência sexual contra crianças e adolescentes. Também apontou algumas medidas que podem ajudar na prevenção, como palestras com profissionais de saúde, abordando a gravidez precoce em um contexto geral, e as consequências para a saúde e o bem-estar das adolescentes, além dos impactos sociais e econômicos.

A segunda exposição foi feita pela também adolescente da Rede Peteca, Letícia Maria Dos Santos Dias, de 14 anos. Ela reside no Município de Mauriti-CE e estuda o 1º ano de Ensino Médio, na Escola Profissional de Tempo Integral Balbina Viana Arrais, do Município de Brejo Santo-CE. Letícia destacou algumas das medidas necessárias para prevenir e para reduzir efeitos da gravidez precoce, como as campanhas de conscientização, o acesso ao conhecimento e à orientação quanto ao uso adequado dos métodos contraceptivos, o acolhimento e a aceitação das adolescentes grávidas, na família, na escola e na comunidade, para que  não sofram preconceitos e discriminações.  

Em seguida, a professora doutora Zenilda Vieira Bruno, da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará, fez uma breve exposição técnica, destacando os principais fatores responsáveis pela gravidez precoce, como a antecipação da menstruação, a iniciação sexual sem orientação, pouca participação da família, da escola e dos serviços de saúde, influência da mídia, falta de projeto de vida e baixa escolaridade.  Também destacou os riscos biológicos, como a maior incidência de anemia, baixo peso do bebê e altos índices mortalidade. Chamou a atenção para os riscos sociais, como a falta de planejamento, a alta evasão escolar e a reincidência da gestação. Igualmente fez alertas quanto aos riscos que sofrem os bebês de mães adolescentes, com maior frequência de sintomas como anóxia, anomalias congênitas, síndrome de angústia respiratória, pneumonia e morte neonatal. 

Na sequência, a enfermeira Verônica Dias Aragão, do município de Forquilha-CE, falou sobre a semana itinerante nas escolas, realizada no município, com ciclo de palestras e rodas de conversas com os adolescentes. Participaram das atividades psicólogos, professores e diretores escolas. Contou-se com a presença de grávidas. Os participantes apresentaram sugestões para atrair as adolescentes e melhorar o atendimento. Foi sugerido a criação do dia do laboratório na escola,  onde os profissionais da saúde possam ouvir os adolescentes e colher suas demandas relativas à saúde. A proposta foi acolhida. Será feito um projeto para pô-la em prática. Na avaliação da enfermeira Verônica, muitas  adolescentes têm debatido o assunto, mas continuam acontecendo novos casos de gravidez de adolescentes, o que evidencia a necessidade de intensificar as ações de conscientização. Cerca de 15% a 16% dos casos de gravidez registrado no Município de Forquilha, em 2021, foram de adolescentes; a meta do Selo Unicef é reduzir esse percentual para 13% até o prazo final da atual edição Selo (2024). Verônica afirmou, também, que, na maioria dos casos,  o pré-natal das adolescentes grávidas começam muito tarde, pois muitas tentam esconder a gravidez enquanto podem, com receio de rejeições na família e preconceitos na sociedade. 


Completando o ciclo de exposições, a jovem universitária e escritora Anna Luiza Calixto, da cidade de Atibaia-SP, mediadora do projeto Peteca Literário, falou sobre a violência sexual contra crianças e adolescentes como uma das facetas da gravidez precoce. Destacou que qualquer ato de conotação sexual que envolva crianças ou adolescentes com idade inferior a 14 anos é considerado crime de estupro de vulnerável, de modo que os casos de gravidez de adolescentes que ainda não completaram 14 anos não podem ser considerados simples casos de gravidez precoce. “O nome disso é estupro”, alertou Anna Luiza, que também adverte não ser possível alegar que a “menina quis”; que ela não foi obrigada, porque nessa idade a adolescente não tem discernimento nem maturidade para dizer sim. Qualquer resposta sua deve ser interpretada como um não. Nessa faixa etária “não é não, talvez é não e sim é não” completou a jovem paulista. Portanto, se adolescente ficou grávida com menos de 14 anos,  em qualquer circunstância, a gravidez é resultante de um crime de estupro de vulnerável.  


Também tivemos a participação de Raissa Dávila de Lima, 11 anos, aluna do 7º ano, da escola Umbelino Roque, da cidade de Acopiara-CE. Assim que soube do evento, ela pediu para entrar na roda de conversa para trazer suas reflexões sobre o problema. Esclareceu que em razão de sua pouca idade, ainda não conhece muito sobre o assunto, mas gostaria dar a sua opinião a partir da leitura de um texto, extraído da internet,  que fala sobre as  causas da gravidez precoce, que estaria associado a vários fatores, como a ocorrência de menstruação cada vez mais cedo, a desinformação sobre gravidez e métodos contraceptivos, o baixo nível financeiro e social, pertencer a famílias com outros casos de gravidez precoce, conflitos e mau ambiente familiar.


Ao longo da roda de conversa foram apresentados três vídeos, sendo um enviado por uma criança e dos enviados por adolescentes da Rede Peteca, as quais não puderam falar ao vivo, em razão de problemas na conexão de internet ou do surgimento de outros compromissos. 

O primeiro vídeo apresentado foi da adolescente Ana Karolina Chaves Sousa, de 14 anos, aluna de 9º ano, na Escola Francisco Galvão de Oliveira,   do Município de Morada Nova-CE. Ela falou sobre as consequências da gravidez precoce. 

Click aqui para assistir ao vídeo da Ana Karoline

O segundo vídeo foi enviado por Regina Estela Martins Duarte, 11 anos, aluna do 7º ano, na Escola Manoel Mendes Ferreira, do Município de Forquilha-CE. Ela enfatizou as causas da gravidez precoce, que está relacionada com vários fatores, como a menstruação cada vez mais cedo, desinformação sobre gravidez e métodos contraceptivos, baixo nível financeiro e social, famílias com outros casos de gravidez precoce, conflitos e mau ambiente familiar.  

Click aqui para assistir ao vídeo da Regina Estela

Por fim, apresentou-se o vídeo gravado pela adolescente Alzira Luiza, de 14 anos, aluna do 9º ano, na Escola Deputado Raimundo de Queiroz, do Município de Cascavel-CE. Alzira falou sobre as medidas de prevenção, as consequências e o fundamento legal da semana nacional de prevenção da gravidez na adolescência.

Click aqui para assistir ao vídeo da Luíza Alzira

Comentários no Chat

Durante o evento foram apresentados 2.245 comentários no chat, no Canal da Rede Peteca, no Youtube, sendo a maioria trazendo reflexões sobre o tema e/ou elogiando a iniciativa. Para ilustrar a participação do público, transcrevemos, abaixo, três desses comentários: 

Maravilhosa e proveitosa esta roda!! Escola Felipe Gomes Ribeiro Missão Velha, Ceará”. Rosomar Carvalho

"Essa temática é de extrema importância e ver essa garotada atuando é de encher os olhos... parabéns”. Deusire Sangalo

"Parabéns a todos os palestrantes!!! Excelentes Explanações" e ver essa garotada atuando é de encher os olhos... parabéns”. Silvana Soriano

Fonte: Rede Peteca

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