segunda-feira, 13 de dezembro de 2021

Duas mulheres vítimas de agressões dos ex-maridos falam sobre a violência que sofriam e denunciam seus agressores.

Nayara Oliveira é influenciadora digital mineira. Maria Eduarda Marques de Carvalho é economista, casada com um influente político pernambucano. Duas mulheres vítimas de violência doméstica resolveram quebrar o silêncio e denunciar os agressores.

Chute, socos, empurrões.... Até que Nayara vai ao chão. É o ex-marido que usa uma das mãos pra enforcá-la. No outro braço está o filho do casal, de um ano e dois meses. A criança é retirada do pai por uma amiga de Nayara. E mesmo com a chegada de outras pessoas, as agressões não param. O homem é convencido a sair de cima da vítima, que ainda leva mais um chute.

Tudo isso aconteceu numa tarde de segunda-feira, em João Pinheiro (MG). Os advogados de Nayara Oliveira, de 31 anos, e do empresário Sócrates Monteiro Porto, de 54 anos, combinaram uma visita assistida ao menino. Os pais estão separados desde julho, quando Nayara resolveu procurar a polícia depois de mais uma agressão que sofreu em casa. Foram sete anos de relacionamento.

"A gente tem esperança da pessoa mudar, mas chega uma hora que vai ficando pior, vai tendo a questão do meu filho presenciando aquilo. (...) Para eu tomar esta decisão, eu tomei a decisão pensando no meu filho. Como que eu vou deixar meu filho crescer vendo aquela cena todo dia. Achar que aquilo é normal", relata Nayara.

Foram três denúncias nos últimos meses. Até que a Justiça concedeu a Nayara uma medida protetiva contra o agressor, que deve manter distância mínima de 300 metros. Como esta seria a primeira visita do ex-marido ao filho depois da medida protetiva, Nayara marcou o encontro no shopping no Centro da cidade. Com medo, ela escolheu um local público, mas mesmo com a ampla movimentação de pessoas, o agressor não se intimidou.

"Eu comecei a gritar socorro, mas chegou uma hora que eu não conseguia mais gritar, porque eu comecei a perder o ar", relembra Nayara.

Sócrates Porto é conhecido na cidade, de família tradicional da cidade, é sócio de uma empresa de topografia. Formado em direito, foi preso no último dia 4 e está no presídio da cidade. Ele foi indiciado pelos crimes de lesão corporal, ameaça, injúria e descumprimento de medida protetiva. Em nota, o advogado de Sócrates diz que não vai se manifestar porque o processo está em segredo de Justiça e que vai entrar com pedido de habeas corpus no Tribunal de Justiça do estado.

Em Pernambuco, a vítima foi a economista Maria Eduarda Marques de Carvalho. Ela acusa o ex-marido, o ex-secretário estadual de Justiça e Direitos Humanos, Pedro Eurico, de agressões físicas, tortura psicológica e até estupro.

"A primeira agressão que eu sofri dele estava dentro da minha casa. Ele me pega pela cabeça pelo pescoço assim, puxa meu cabelo, mete minha cabeça no armário no quarto, e eu caio, desfalecida", recorda Maria Eduarda.

Maria Eduarda levou os dois filhos do primeiro relacionamento para morar com o casal. Pedro Eurico de Barros e Silva é muito conhecido em Pernambuco. Ele começou a carreira política como militante da Comissão de Justiça e Paz da Arquidiocese de Olinda e Recife. Foi vereador do Recife e teve cinco mandatos como Deputado Estadual.

Em casa, uma pessoa bem diferente do que aparentava na vida pública. Foram inúmeras agressões ao longo de 25 anos.

"O que mais me chocou? O estupro, a violência sexual, ele me forçar a ter relações na hora que ele quisesse. Várias vezes. Ele me puxava violentamente, tirava minha roupa violentamente, relembra.

Em dez anos, a economista registrou nove boletins de ocorrência contra o marido. Em quase todos os casos, acabou entregando à polícia um documento em que retirava as queixas.

"Pressão, muita pressão. Ele dizia que era seria pior se continuasse", conta.

Depois de mais de duas décadas de agressões, o casal se separou. Esta semana, o inquérito policial foi concluído e enviado ao Ministério Público. Pedro Eurico foi indiciado por cinco crimes: lesão corporal, estupro consumado e estupro tentado, violência psicológica, perseguição e descumprimento de medida protetiva.

"Essas denúncias agora veiculadas não são verdadeiras. Tudo isso não passa de uma manipulação para tentar destruir a minha imagem de homem público, construída ao longo de 40 anos. Dentro desse período, nunca pratiquei violência, muito menos contra a minha ex-esposa. Não comungo com ações criminosas. Na verdade, tudo isso se tem início de uma ação de divórcio, onde se discute bens, e me coloco a disposição da justiça e das autoridades no que for necessário", relata Pedro Eurico. 

Fonte: G1

 


Clique Aqui para Baixar a Carta Convite

Nenhum comentário:

Postar um comentário