domingo, 21 de novembro de 2021

Delegada fala sobre caso de menino autista torturado e espancado: 'Um dos mais cruéis em toda carreira'.


Os delegados responsáveis pelo caso do menino autista de 8 anos que foi espancado e torturado por um casal, em Sorocaba (SP), afirmaram que a situação foi umas mais chocantes de suas carreiras em entrevista coletiva na Delegacia Seccional.

“Caso bastante triste. Comentamos que foi um dos mais cruéis em toda nossa carreira”, declarou a delegada Ana Luiza Carvalho, ao lado do delegado Fabrício Ballarini, ambos do 4º Distrito Policial.
O casal foi preso na quarta-feira (17) e confessou o crime, afirmou a polícia. Em interrogatório, os suspeitos alegaram, de acordo com a polícia, que agrediram o menino porque acreditaram que ele queria furtar a câmera de segurança da casa, na noite de domingo (14).

O homem foi indiciado por tentativa de homicídio qualificado, tortura, posse ilegal de arma, por manter cerca de 30 botijões de gás em casa, por pássaros em cativeiro e jogo de azar, já que na residência havia duas máquinas caça-níquel. A mulher, segundo a polícia, é coautora dos crimes.

Menino rendido

O homem, de 57 anos e de nome João, e a esposa, de 59 anos, de nome Valdenice, estavam em casa monitorando o sistema de segurança da casa quando o menino autista apareceu e mexeu na câmera. Apenas os primeiros nomes do casal foram divulgados pela polícia.

"O garoto tinha pedido uma caneta para a mãe e logo saiu de casa, sem a família saber, para procurar caneta e parou na casa do suspeito. Ele queria corrigir a câmera torta e neste momento o autor saiu da casa e o pegou. As coisas horrorosas aconteceram dentro da casa. Durante 6 horas ele foi torturado", conta a delegada.
Câmeras de segurança do outro lado da rua registraram quando o menino andou pela via até a calçada do agressor. Nas imagens, é possível ver o momento em que ele mexeu em algumas caixas em frente à casa dos suspeitos.

Ele chegou a subir em algumas delas para tentar alcançar a câmera de segurança. Em seguida, pegou um cone que está na calçada.

A criança saiu correndo e, momentos depois, o homem também saiu correndo atrás dela. Alguns minutos se passaram e outra câmera de segurança flagrou o mesmo homem segurando o menino pelo braço e andando com ele em direção à casa.

Horas de terror

Segundo a polícia, o menino foi agredido com um pedaço de madeira na cabeça e pelo corpo. Um alicate também teria sido usado para tirar parte da orelha. Com o choro da vítima, ele foi dopado por um remédio usado pela esposa do morador.

"Ele cortou em duas partes o remédio para o menino não morrer ali. O menino teria desmaiado só com a metade, o que pode imaginar o que o medicamento inteiro poderia ter causado", explica o delegado.
Por volta das 2h, o morador colocou despertador para levar o menino para um matagal no bairro vizinho. A vítima foi colocada dentro de uma caixa.

"O matagal, onde o menino chama de floresta. Jogou o menino no chão e pegou outra madeira para bater na cabeça. Depois disso, ele [agressor] saiu para trabalhar com a entrega de alimentos."

O homem também foi autuado por uma arma encontrada na casa com munições, por crime ambiental ao serem achados pássaros silvestres com sinais de maus-tratos, máquinas de jogo de azar e 30 botijões de gás de cozinha armazenados de forma irregular.

O menino segue internado no Hospital Regional. O Conselho Tutelar acompanha o caso.

Desaparecimento

Segundo a família, a criança desapareceu na noite de domingo (14), por volta das 20h. O garoto mora com a mãe na Vila Barão e teria dito que queria uma caneta para desenhar. Quando a mãe se deu conta, ele já havia desaparecido.

A mãe então foi às ruas para procurar pelo filho, pedindo ajuda para parentes e vizinhos. Em seguida, foi até a delegacia para registrar um boletim de ocorrência de desaparecimento. A vítima foi encontrada em um terreno baldio na madrugada de segunda-feira (15), no bairro Nova Esperança.

O menino contou que havia parado em frente a uma casa no bairro para arrumar uma câmera de segurança que estava torta, quando foi abordada por um homem e uma mulher, que o agrediram.

Ainda de acordo com a família, o garoto estava machucado e completamente desnorteado quando foi encontrado por um morador de rua e levado para uma adega, onde a Polícia Militar e o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foram acionados.

Fonte: G1

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