quinta-feira, 7 de outubro de 2021

Pais denunciam escola do filho por maus-tratos: 'Para de encher o saco', diz funcionária em áudio.


Os pais de um menino de dois anos registraram um boletim de ocorrência contra a diretora da escola onde o filho estuda e contra a professora dele por suspeita de maus-tratos, em Ribeirão Preto (SP).

O casal alega que a criança era submetida a longos períodos sem água e sem comida, tratada com grosseria pela educadora e que informações sobre o estado dela eram omitidas de propósito dos responsáveis.

A criança foi matriculada na creche no bairro Campos Elíseos, na zona Norte, no começo de 2021. Ao longo do ano, apresentou mudanças no comportamento e a mãe questionou a direção. “A gente chegou a pegá-lo com febre lá e ninguém relatar. Ninguém entrava em contato”, diz a mulher, que prefere não se identificar.

Além disso, os pais notaram problemas na higiene do menino e o desaparecimento de objetos pessoais, como mamadeiras.

“Nós notamos que havia a falta de zelo no cuidado do nosso filho. As vestes dele vinham trocadas com as de outros alunos. Não tinha cuidado com as crianças”, afirma o pai.

A mãe, que prefere não se identificar, conta que começou a desconfiar da escola por causa da falta de solução da direção para reclamações feitas por ela, como falta de higiene do filho e o envio de objetos de outras crianças no meio dos pertences do menino. A criança, então, começou a evitar a instituição.

“Tanto no momento de ir para a escola, quando na nossa própria casa. Você notava que ele estava com medo. Pelo simples fato de ele perceber que estava na frente da escola, ele já começava a chamar pelos pais: ‘mamãe, papai’. Pedia colo, falava casa. Então, você notava que tinha algo estranho.”

Áudios
Os pais decidiram instalar um gravador de voz dentro da ‘naninha’, um pedaço de tecido com um bichinho de pelúcia, objeto inseparável do menino. O aparelho, segundo o casal, registrou as conversas dentro da escola e o teor das gravações foi considerado inadequado pelo casal.

Em um dos trechos, a suposta professora da criança a trata com grosseria. “Vai dormir em paz. Vê se dorme, para de encher o saco.”

Em outro momento, a criança parece ter caído, batido a cabeça e chora. A funcionária chama a mulher que seria responsável pela escola. “Ele caiu sozinho, ninguém empurrou ele. Ele jogou a água no chão e caiu, como se estivesse escorregando. É bem no carocinho [faz menção a um galo na cabeça da criança]. Aqui também tem, mas está um pouquinho grande”, afirma.

Na sequência, diretora e professora parecem combinar o que seria dito à mãe do menino. “Eu não vou falar nada de galo, não”, diz a chefe da escola. “E a gente fala o quê? Temos que falar a mesma língua”, responde a funcionária.

Em outro trecho, a funcionária demonstra não gostar do menino. “Queria dar um soco no [nome do menino] e já deixar ele assim, para não dar conversa.”

De posse das gravações, o casal mudou o filho de escola e procurou o Conselho Tutelar para denunciar os maus-tratos sofridos pela criança.

Segundo a conselheira tutelar Gracian Guerra, os áudios sugerem uma má conduta dos profissionais da escola com a criança. O material foi encaminhado para investigação.

“Precisa ter uma fiscalização mais intensa, uma investigação sobre o que aconteceu naqueles dias em que o filho dessa senhora estava nessa escola”, diz.

O que diz a escola
Procurado, o Colégio Maranata informou que está apurando os fatos e que uma professora suspeita de cometer maus-tratos foi demitida.

Sobre os áudios, a escola declarou que não iria se manifestar porque não teve acesso ao conteúdo deles.

A direção ainda pediu desculpas à criança e à família e afirmou que vai colaborar com as investigações.

Fonte: G1

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