Os casos de violência contra crianças causaram quase cinco mortes por ano do Distrito Federal entre 2011 e 2020, aponta o Boletim Epidemiológico de Violência interpessoal, do Núcleo de Estudos, Prevenção e Atenção às Violências (Nepav), da Secretaria de Saúde.
Foram 46 mortes de pessoas entre 0 e 9 anos durante o período.
De acordo com o documento, a distribuição etária das mortes é de
30,4% em menores de 1 ano, 30,4% em crianças de 1 a 4 anos e 39,2% em
crianças de 5 a 9 anos. Entre os menores de 1 ano, 50% eram meninos e
50% meninas. Entre 1 e 4, as meninas foram as principais vítimas
(71,4%). Os meninos foram 72,2% dos casos de morte na faixa etária entre
5 e 9 anos.
O boletim aponta que o número de registros de
episódios de violência também foi significativo entre 2011 e 2020.
Contabilizando apenas os casos que foram denunciados, o DF teve 6.637
notificações em 10 anos, uma média de 1,8 registros por dia, segundo a Secretaria de Saúde.
Na semana passada, uma mãe foi flagrada por vizinhos batendo com o cinto no filho de 9 anos.
Se dividirmos os registros por ano, os números apresentam grande
irregularidade, mas apontam tendência de crescimento. Para Marlon
Eduardo Barreto, professor do CEUB e especialista no direito da criança e
do adolescente, esse aumento não quer dizer que o número de casos é
maior. “O que aumentaram foram os registros. Os casos sempre existiram
aos montes, mas a consciência de denunciar só foi ganhada recentemente”,
explica.
O levantamento também aponta que a casa da vítima aparece como local
onde a maior parte dos casos ocorre. Entre menores de 1 ano, representa
63,6% dos episódios; de 1 a 4 anos, essa participação sobe para 69,3%; e
de 5 a 9 anos, chega a 73,8%.
Caso marcante e que ficou conhecido em todo o país, o assassinato de Rhuan Maycon da Silva Castro,
em junho de 2019, aos 9 anos, foi justamente na própria residência. A
mãe do menino, Rosana Auri da Silva Candido, e a companheira, Kacyla
Priscyla Santiago Damasceno Pessoa, esquartejaram, perfuraram os olhos e
dissecaram a pele do rosto da criança. Elas também tentaram incinerar
partes do corpo em uma churrasqueira, com o intuito de destruir o
cadáver e dificultar o reconhecimento.
Como o plano inicial não
deu certo, elas colocaram partes em uma mala e duas mochilas. Rosana
jogou a mala em um bueiro próximo à residência onde ocorreu o crime.
Antes que ocultasse as duas mochilas, moradores da região desconfiaram
da atitude da mulher e acionaram a polícia, que prendeu as duas autoras
em flagrante.
Fonte: Metrópoles
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