segunda-feira, 17 de maio de 2021

Escolas privadas ignoram protocolo sanitário e professores convivem com o medo da Covid-19.

 

Está lá escrito no Protocolo Setorial da Educação: distanciamento, proibição de eventos que gerem aglomerações, suspensão das aulas quando houver confirmação de casos de covid-19, entre outros pontos. Mas, junto com o crescimento da curva de casos da doença em Pernambuco, têm se avolumado também as denúncias de descumprimento das regras nas escolas da rede particular. 

Professores relatam um clima de medo, tensão, insegurança e silenciamento. É grande o temor pela perda do emprego. Existem inúmeras denúncias no Sindicato dos Professores de Pernambuco (Sinpro) e também na Secretaria de Educação e Esportes de Pernambuco (SEE-PE), responsável pelas fiscalizações através das suas gerências. Porém, as escolas não vêm sendo penalizadas.

O enfraquecimento da garantia dos direitos trabalhistas, a dificuldade de atuação do sindicato da categoria, a heterogeneidade entre as escolas e a forte influência do setor privado – pressionado também pelas famílias – são alguns dos pontos que ajudam a entender o quadro.

O Sinpro contabiliza, desde o início da pandemia, perto de uma centena de denúncias de irregularidades. Somente nesta semana, foram dez, entre aulas não suspensas mesmo com casos confirmados, aglomerações, funcionamento de escolinhas de futebol e alunos doentes que continuam frequentando a escola. A participação do sindicato é muito baixa nos diálogos e reuniões com o Governo do Estado. O poder de pressão é bem menor que o dos profissionais da rede pública

Um professor que trabalha em três instituições privadas em Pernambuco e que preferiu não ser identificado conta que, desde o retorno das aulas, nenhuma delas nunca suspendeu as atividades quando houve confirmação de casos de covid-19 em sala. “Sabemos que os casos estão acontecendo, mas não somos informados oficialmente. Vários colegas de outras escolas têm relatado a mesma coisa. Às vezes ficamos sabendo só quando a pessoa já está internada”, detalha. 

“Se um aluno ou um colega está com covid-19 e trabalhei com eles recentemente, eu deveria ficar sabendo para poder me isolar, inclusive em casa, com a minha família, e também para não levar o vírus de uma escola para outra”, defende. “Mas tudo fica muito camuflado, nebuloso, não se fala sobre o assunto. Existe uma pressão muito grande pelas aulas presenciais, porque as famílias pressionam. E é muito triste porque não me sinto cuidado”, comenta.

O professor entrevistado conta ainda que tem evitado, por exemplo, entrar na sala dos professores, lanchar e até beber água para não tirar a máscara em momento nenhum. Ele tem comprado do próprio bolso protetores faciais PFF2/N95 porque as escolas onde atua fornecem máscaras consideradas muito frágeis, de tecido com poucas camadas ou de materiais de baixa proteção contra aerossóis, e, apesar de haver a obrigatoriedade, fica a critério dos alunos e funcionários qual máscara usar.

Fonte: MarcoZero.org

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