domingo, 8 de novembro de 2020

Em 15 de 25 capitais, eleitores desejam mais mudança que continuidade na administração do município

 

Dados fazem parte da segunda rodada de pesquisas do instituto. Para especialista, preferência pela mudança amplia as chances de candidatos de oposição.

Com mais de um mês de campanha, já é possível saber que nesta eleição a maioria da população das capitais deseja mudanças. Dados tabulados pelo G1 a partir das pesquisas aplicadas pelo Ibope em 25 delas mostram que em 15 o percentual dos eleitores que desejam mudanças é superior ao grupo dos que preferem manter o que é feito pela atual administração do município.

Apenas em São Luís (MA) não foi feita essa pergunta na segunda rodada de pesquisas Ibope. A pergunta feita pelo Ibope foi: "Pensando agora na maneira de administrar, o(a) sr(a) pessoalmente gostaria que fosse eleito para prefeito um candidato que". E foram dadas as seguintes opções: "mudasse totalmente a administração do município", "mantivesse só alguns programas, mas mudasse muita coisa", "fizesse poucas mudanças e desse continuidade para muita coisa", "desse total continuidade à administração".

O maior percentual de eleitores que preferem a mudança é registrado no Rio de Janeiro, capital cujo prefeito, Marcelo Crivella (Republicanos), que concorre à reeleição, também apresenta alto percentual de rejeição.

Para 73% dos cariocas, o próximo prefeito deve mudar “totalmente a administração do município” ou manter “só alguns programas e mudar muita coisa”. Apenas 21% dizem que o prefeito eleito deve fazer “poucas mudanças e dar continuidade para muita coisa” ou “dar total continuidade à administração atual”.

O desejo dos eleitores do Rio de algum modo reflete o quadro da disputa pela prefeitura. Na região Sudeste, além do Rio, São Paulo e Vitória também apresentaram alto percentual daqueles que desejam mudar a administração local. Na capital paulista, 64% afirmam que desejam mudança, enquanto 32% preferem a continuidade. A disputa em São Paulo está acirrada.


Altos percentuais em capitais do Nordeste

O alto percentual de eleitores que querem a mudança foi registrado também em capitais do Nordeste, como Maceió, João Pessoa, Teresina, Recife, Fortaleza, Aracaju e Natal. No outro extremo, estão capitais com altos índices de eleitores que desejam continuidade das políticas da atual gestão, caso de Salvador (60%), Boa Vista (57%) e Florianópolis (56%), além de Curitiba e Belo Horizonte.

Na capital mineira, o desejo do eleitorado coincide com o quadro da disputa. O atual prefeito Alexandre Kalil (PSD) lidera com 63% de intenções de voto, segundo a última pesquisa Ibope. A situação é parecida em Salvador, onde o então vice-prefeito e candidato à prefeitura Bruno Reis (DEM), do mesmo partido do prefeito ACM Neto, lidera com 61% das intenções de voto.

Na avaliação do professor de ciência política da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Emerson Cervi, os dados refletem de certa forma a avaliação dos prefeitos nas capitais. Essa relação sugere que o desejo de mudança, segundo ele, está associado a uma maior chance de eleição de candidatos de oposição, assim como prefeitos bem avaliados ampliam as chances de serem reeleitos. Mas há outros aspectos que podem influenciar a escolha dos eleitores, como os candidatos que se apresentam como opção, no caso de prefeituras mal avaliadas, afirma.

“Prefeito mal avaliado é condição necessária para mudança, mas não suficiente. As pesquisas mostram que, das 25 capitais, em 15 há desejo de mudança e em apenas 5 a continuidade fica acima da margem de erro para mudança. Em outras 5 há empate técnico. Isso indica que o eleitor quer mudança na maior parte das capitais, porém, isso não é suficiente para ele votar em opções à atual gestão. Já nas 5 capitais em que a continuidade está acima da mudança, os candidatos à reeleição ou o candidato indicado pelo atual prefeito têm amplas vantagens sobre seus adversários”, observa Cervi.


Segundo o professor da UFPR, as campanhas municipais tendem a ser mais dinâmicas, e podem apresentar características em função dos eventos que ocorrem durante o período eleitoral. Parte desse cenário influencia na percepção dos eleitores sobre a gestão do atual prefeito e as opções que eles terão para votar na mudança.

“O contexto eleitoral também precisa ser considerado, desde as estruturas de apoio de candidatos a vereador, de um lado, até proximidade com o governador, por outro”, explica Cervi.

 

fonte: g1.globo.com


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