Da Folha:
Desde o dia 5 de junho, há um clima diferente nas ruas do complexo de favelas de Manguinhos, na zona norte do Rio de Janeiro.
A data marca o início da proibição de operações policiais em comunidades do Rio de Janeiro no período da pandemia da Covid-19, salvo em casos “absolutamente excepcionais”, como determina liminar concedida pelo ministro do Supremo Tribunal de Justiça Edson Fachin.
A medida reduziu em 72,5% o número de mortes ocorridas no contexto de incursões policiais na região metropolitana do Rio entre 5 de junho e 5 de julho, segundo análise do Grupo de Estudos de Novos Ilegalismos (GENI), da Universidade Federal Fluminense. Segundo projeções do estudo a partir desta redução, a suspensão das operações seria capaz de poupar 360 vidas em um ano.
“Manguinhos está diferente. Sem operações, é como se houvesse uma mágica que deixasse até o ar mais leve. E, nele, eu consigo viver e respirar”, desabafa Eliene Maria Vieira, integrante do movimento Mães de Manguinhos, que reúne familiares de crianças e jovens vítimas da violência policial.
“Quando existe operação, ao contrário, o pavor fica no ar. E, quando começam os tiros, é terror e desespero porque você sabe que muito provavelmente tem alguém sendo morto”, explica ela. “Nós não estamos defendendo o crime. O que defendemos é a vida.”
Nenhum comentário:
Postar um comentário