sábado, 27 de junho de 2020

Colégio demite quatro professores após denúncias de assédio sexual.

Alunas publicaram relatos no Twitter - Getty Images/iStockphoto
Alunas publicaram relatos no TwitterImagem: Getty Images/iStockphoto
O Colégio Força Máxima, que tem 11 unidades em sete municípios do Rio de Janeiro, com 5.000 alunos, demitiu quatro professores ontem, após denúncias de assédio sexual feitas por ex-alunas. As demissões foram confirmadas por Jhonatan Pache, dono da rede de ensino, em entrevista a Universa. Os relatos foram publicados em uma página do Twitter. Pache diz que, quando tomou conhecimento, criou uma ouvidoria em que as denunciantes pudessem encaminhar seus relatos a psicólogas e orientadoras educacionais, mesmo sob anonimato. Ele conta que conversou com os professores antes de demiti-los, e nenhum deles negou as acusações.
"Nenhum deles tentou se defender ou desmentiu. Inclusive, um deles pediu desculpas quando estávamos nos despedindo: 'Minha carreira acabou. Estou envergonhado. Virei piada, meme, não tenho como botar a cara para dar aula novamente'", relatou. "Foi uma dupla decepção para mim, já que ele e a esposa são meus amigos. Outro professor chorou, falou dos problemas pessoais e financeiros, tentou apelar para a produtividade. Esses professores dificilmente vão a voltar ao mercado", disse Pache.
Segundo ele, os professores demitidos davam aulas em unidades dos municípios de São João de Meriti, Nova Iguaçu e Duque de Caxias. O Colégio Força Máxima é o segundo a aplicar algum tipo de punição a professores denunciados por assédio sexual por ex-alunas, no último mês, no Rio. Na última semana, Universa revelou que o Colégio Santo Inácio, tradicional escola carioca, afastou dois professores e encaminhou as denúncias de ex-alunas à Polícia Civil, que abriu inquérito para investigá-los. Pelo menos 8 mulheres, entre denunciantes e mães delas, já prestaram depoimento. Questionado se também enviou as denúncias recebidas à polícia, Pache disse que não.
"É uma situação que não cabe a mim. Orientei que as famílias que quiserem levar à frente, o façam. Não sou eu que tenho que tomar essa decisão. É uma situação constrangedora para mim, que sou dono da escola. Mas não vou acobertar ninguém", afirmou. "Temos 300 professores, contratados num processo rigoroso de seleção. Mas não vem estampado na testa do cara que ele vai fazer esse tipo de coisa. Pode ser que haja mais coisas para aparecer, mas, se aparecer, vou punir, não importa de qual data ou época seja a denúncia - disse o dono da rede, que afastou dois outros professores preventivamente."
Nas denúncias que vieram à tona no Twitter, na página FMexposed (em referência às iniciais do colégio), meninas compartilharam prints de conversas em que foram assediadas por professores pelo WhatsApp e mensagens privadas em redes sociais, como "Gostosaaaaa" e "Eu quero sem o short". Também circulou um áudio atribuído a um dos docentes, que teria sido enviado a uma estudante: "Estou imaginando um ambiente, com sacanagem rolando. Tu ia fazer o quê? Como você ia se portar? Tu ia ficar olhando o meu desempenho, ia chegar pra perto, qual que ia ser?".
Ex-aluna relata assédio A mãe de uma das ex-alunas que relata ter sofrido assédio de um dos professores demitidos, procurou a reportagem de Universa. A estudante, que falou sob a condição de anonimato, disse que recebia mensagens semelhantes às que foram publicadas no Twitter quando ainda era menor de idade e estava no 3º ano do ensino médio do Colégio Força Máxima, em 2014.... - Veja mais em https://www.uol.com.br/universa/noticias/redacao/2020/06/26/colegio-assedio-rj-professores.htm?cmpid=copiaecola
O áudio que circulou nas redes sociais não foi para mim, mas ele falava o mesmo: me chamava de gostosa, safada, ninfeta. Quando me chamou de ninfeta, eu não sabia o significado, procurei e o questionei. Ele me aconselhou ler 'Lolita'.
Ela disse que o assédio não era apenas verbal, mas que também houve contato físico dentro da sala de aula. "A sala era pequena para a quantidade de alunos, então as fileiras de cadeiras eram bem próximas. Às vezes, ao passar para falar alguma coisa com alguém, acontecia de ele encostar as partes íntimas dele no meu braço ou na minha mão. Algo rápido, como se fosse sem querer. Juro que não achava que era por mal.", disse.
"Hoje, sim, enxergo muita coisa. Se, na época, eu tivesse tido a força que essas meninas tiveram ao denunciar agora, evitaria de muitas meninas passarem por isso. Esperei muito para que soubessem a verdade. Queria muito que essa fase dessa minha vida não tivesse acontecido, pois foi muito destrutiva para mim.
fonte: https://www.uol.com.br/universa



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