segunda-feira, 4 de maio de 2020

Estudo aponta que pandemia dominou o território pernambucano

Estudo aponta que pandemia dominou o território pernambucano

Com Informações da Assessoria de Imprensa – Análise de pesquisadores do Centro Integrado de Estudos Georreferenciados (CIEG) da instituição revelam como ocorreu esse avanço, passo a passo da evolução e a dinâmica espacial dos casos.



No início de abril eram 90 casos de Covid-19 confirmados no Estado. No ultimo dia do mes, quinta-feira (30), já somavam   6.860 casos, um aumento de 7.623%. Há  casos confirmados em 128 dos 185 municípios pernambucanos, ou seja, quase 70% dos municípios. Nesse ritmo, nos próximos dias atingirá rapidamente 100% do estado.

A pandemia se consolidou na Região Metropolitana do Recife tendo seu principal eixo de dispersão (elipse do desvio padrão) inicialmente orientada no sentido Fernando de Noronha – Palmares, terminando o mês reorientada no sentido Recife – Agreste, mostrando o aumento da contaminação em direção ao interior do estado.
Ao longo de abril, a densidade de casos se intensificou para além da RMR, avançando para cidades das matas Norte e Sul. Já a partir de meados do mês, se prolongou  em direção ao Agreste e, daí, segue se alastrando para o Sertão. Nesse cenário, a pandemia encontrará áreas com alta vulnerabilidade social, em municípios pobres e com grandes parcelas da população com baixa renda e precariedade de acesso ao abastecimento de água e esgotamento sanitário – indicadores que são decisivos no combate a essa e outras doenças.
Levada pelas BR-323 e BR-101, a pandemia se espalhou por pequenas cidades do sertão, criando pólos de disseminação em centros regionais importantes, como Caruaru e Petrolina. Também avançou por pequenas e médias cidades do agreste e do litoral norte alagoano pelos eixos rodoviários, o que motivou o Estado de Alagoas a montar barreias sanitárias em suas fronteiras (ver Nota Técnica sobre pesquisa Covid-19 em Alagoas).
Esse padrão espacial do vírus mostra sua característica nitidamente urbana e temporal. Inicialmente é necessário entender que o vírus utiliza as características próprias da rede de cidades (especialmente a alta densidade populacional e a proximidade geográfica), sua hierarquia urbana (das metrópoles para as pequenas e médias cidades), da mobilidade e circulação de pessoas (difusão hierárquica). Nesse sentido, isto auxilia a compreender sua alta velocidade de contágio, compatível com as modernas atividades urbanas e o baixo isolamento social observado em várias cidades. A figura 3 mostra que o coeficiente de contágio por 100 mil hab terminou o mês com 64,7, muito superior ao da China (5,87) e do Brasil (14,31), o que mostra que a pandemia vem infectando um número muito maior de pessoas em Pernambuco que no país onde se originou e mesmo no nosso País.

 
Figura 3 – Tela do painel analítico Fundaj Covid-19 com a evolução do coeficiente de contágio em abril de 2020.
É marcante, ainda, como a pandemia expõe a vulnerabilidade social sob os mais variados aspectos, mostrando sua alta correlação com a desigualdade social, seja na infraestrutura urbana, seja no acesso aos serviços de saúde. A fratura social brasileira ficou exposta pelo vírus.

Neison Freire
Pesquisador Titular da Fundaj
Coordenador do Centro Integrado de Estudos Georreferenciados para a Pesquisa Social (CIEG)

FONTE:  BLOG RICARDO ANTUNES

Nenhum comentário:

Postar um comentário