sábado, 22 de fevereiro de 2020

Violência contra idosos: Filhos formam a maioria dos agressores, segundo ocorrências policiais



Delegacia Especial do Distrito Federal divulga dados sobre violência contra idosos e quebra paradigmas sobre a questão, revelando aspectos estarrecedores.



Lidar com questões relacionadas ao envelhecimento torna-se mais desafiador à medida que o tempo passa e o crescimento da população idosa recrudesce.


A maior parte da violência contra idosos é perpetrada por seus próprios filhos e parentes

 



No Distrito Federal, a Delegacia Especial de Repressão aos Crimes por Discriminação Racial Religiosa ou por Orientação Sexual ou contra a Pessoa Idosa ou com Deficiência (Decrin) investiga ocorrências de violência contra pessoas com mais de 60 anos. 

Para a delegada adjunta da unidade, Dra Cyntia Cristina Carvalho, o trabalho com esse público envolve desafios. “É muito difícil um idoso denunciar um filho, um parente. Muitos deles começam a registrar, mas, depois, voltam atrás e falam que estavam nervosos; que denunciaram no calor do momento”, afirma. 


A delegada Cyntia conta que, diariamente, chegam novos casos de violência à unidade. Todos passam por uma avaliação antes das providências. “Vamos até a casa e verificamos se existem, de fato, os maus-tratos. Não podemos chegar prendendo o possível agressor, porque, às vezes, é a única pessoa que o idoso tem. É um trabalho inicial de diálogo e reflexão. Se prender um filho, o idoso vai para onde? Fica com quem?”, pondera a delegada.



Cuidados com a denunciação caluniosa



“Foi uma surpresa. Meu pai era muito nervoso e ficava bravo às vezes, e as pessoas achavam que ele era maltratado”, relata Iná, filha denunciada pelo pai idoso. À época, o Ministério Público de Goiás visitou a família e concluiu o contrário. “Os assistentes sociais viram que ele era bem cuidado, que a casa estava sempre limpa e que o alimento era o certo. Foi um equívoco do vizinho. Tanto que, depois, ele veio nos pedir desculpas”, recorda-se. “A gente acaba sendo julgado quando cuida de um idoso. Mas só sabe da realidade quem vive nela.” 



Segundo, Dr. Carlos Santiago, gerontólogo, em alguns casos a teimosia do idoso provoca a violência, ou o falso relato de violência. Por trás do episódio de ira, pode estar a presença de demência, o desejo de chamar atenção ou o efeito colateral de medicamentos de uso normal entre os idosos.

Quando o idoso fica teimoso, rebelde, é preciso ter calma e buscar ajuda profissional a fim de evitar o pior. Por vezes, um acerto na medicação, a intensificação de atividades e, mesmo, mais atenção da família resolve a questão. 

Muitas vezes, a disciplina de todos no esforço de incluir o idoso nas atividades e eventos familiares é o bastante para trazer alívio geral nas relações. É preciso evitar o isolamento, que na maioria dos casos é ação do próprio idoso. 

A família precisa buscar entender a razão do desejo de exílio voluntário do ancião e buscar verificar se as causas podem ser sintomas de depressão, medos e até sentimentos de inadequação e vergonha, cuja causa pode ser banal, como por exemplo: inicio de surdez, problemas de visão, incontinência urinária e outras ocorrências da idade avançada que envergonham o idoso e o levam a evitar o convívio social.

Apesar das ressalvas feitas, as quais não estão consideradas nas ocorrências elencadas a seguir, a maioria dos registros de violência contra idosos relatam filhos e parentes como agressores. 

Os tipos de violência variam, a maioria não é física mas por maus tratos, agressão psicológica e negligência em geral.


FONTE:https://www.maioresde60.com


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