quarta-feira, 28 de agosto de 2019

Médica paraibana mantém centro que oferece atendimento gratuito a famílias de crianças com microcefalia.

O surto de casos de microcefalia no Brasil vai completar três anos. Desde os primeiros casos, o Ministério da Saúde contabilizou mais de 3 mil crianças nascidas com a mal formação congênita. Uma das primeiras médicas a atentar para o problema foi a paraibana Adriana Melo. Especialista em medicina fetal, a doutora realizou pesquisas à época no líquido amniótico dos fetos e comprovou a relação da microcefalia com o vírus da zika. Daquele momento em diante, ela se dedicou aos cuidados com essas famílias e não parou mais.
“Era uma doença desconhecida e não tínhamos muito a dizer às famílias. Então, diante do desconhecido, segurei nas mãos delas e disse que não sabia nada da doença, mas que estaríamos juntas. E a partir dai, não tinha mais como parar”, revela.
A médica abdicou quase que totalmente da vida pessoal para realizar exames, acompanhamentos, consultas diariamente a dezenas, centenas de gestantes do Nordeste. Depois de descobrir a causa da doença, passou a participar da articulação de serviços públicos para oferecer o tratamento precoce para as crianças.
Sua vida então se dividiu entre os atendimentos, as participações de sessões e palestras no Brasil e no exterior para dar esclarecimentos sobre a doença, as pesquisas e as ações para promover melhorias na vida das famílias. Nesse período, ela realizou diversas ações de arrecadação de fundos para ajudar as crianças, como festinhas beneficentes, corrida beneficente, e o estabelecimento de doações por meio da conta de luz em toda a Paraíba. Com esses recursos, Adriana Melo realizou várias doações de fraldas, leite, alimentos e até móveis para as famílias. “Já chegamos até a vender velas em um cemitério no dia de Finados pela causa”, disse.

A luta de Adriana pelos direitos dessas crianças e famílias ganhou reconhecimento com prêmios nacionais e internacionais, além de publicações em periódicos importantes pelo mundo, mas não foi isso o que sempre moveu a médica. “Esse trabalho precisa de dedicação e tive que abrir mão de horários da minha clínica, vender as cotas de duas outras clínicas, reduzir o tempo com a família e com os amigos. Mas confesso que tudo valeu a pena. Ver a evolução de cada criança não tem preço”, relata emocionada.

Centro de apoio idealizado pela médica atende centenas de crianças e abriga até 30 famílias

O trabalho social e humano, para além do profissional, realizado por Adriana Melo foi expandido em julho de 2017. Com o apoio de outros profissionais, voluntários, doadores e do Instituto de Pesquisa Professor Joaquim Amorim Neto (Ipesq), do qual Adriana Melo já fazia parte, a médica conseguiu abrir um centro de apoio para as famílias e tratamento especializado para as crianças com microcefalia na cidade de Campina Grande, na Paraíba.
casa apoio acolhimento famílias crianças microcefalia
Foto: Reprodução
O serviço iniciou oferecendo fisioterapia intensiva durante cinco dias da semana para realizar a estimulação precoce dos sentidos, da coordenação motora e da parte cognitiva. Com o passar do tempo, o centro foi sendo ampliado e, atualmente, a equipe conta com fisioterapeuta, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, nutricionistas, psicólogo, pediatras, neuropediatra, otorrinolaringologista, oftalmologista e enfermeiras.

Redação Paraíba Debate com informações do Razões Para Acreditar

Nenhum comentário:

Postar um comentário